A HISTÓRIA DAS ORQUÍDEAS - parte 1
João Paulo de Souza Fontes


Para se viver um presente, devemos sempre procurar conhecer o passado, pois dele tiraremos ensinamentos, para deixarmos um futuro, que um dia, será futuro passado...
Todos nós temos uma estória, de como, ou porque, começamos a cultivar orquídeas. Assim, para melhor entende-las, procurei conhecer a sua história.
Essa flor, é envolta, numa aureola de enlevo, fascínio, lendas e misticismos, que a coloca num pedestal de uma verdadeira “deusa dos sonhos”.
Já a.C., encontramos na literatura oriental, as primeiras citações sobre orquídeas - O grande sábio chinês, Confucius, nascido no ano de 551 a.C., já fazia menção ao seu perfume - “Lan exala perfume de Reis”.
“Ran”(pronúncia japonesa) ou “Lan” (pronúncia chinesa), são denominações encontradas na literatura oriental, usadas por poetas e filósofos, enaltecendo sempre a beleza e a fragrância das orquídeas.
Mostrando sua nobreza, temos uma frase da escrava Belkiss para a rainha de Sabá “Ao maior dos Reis, leve um feixe de orquídeas”.
Encontramos também, algumas referências, divulgando suas propriedades medicinais, e atribuindo-lhe poderes de curas milagrosas.
Teofrasto, cujo nome pátrio, era Theophrastus Bombastus Paracelsus, nasceu na ilha de Lesbos, por volta do ano 370 a.C., fez algumas referências, sobre orquídeas, em suas obras - “A História das Plantas” e a “Causa das Plantas”. É atribuído a Teofrasto, o nome “orquídea”, referência feita a uma espécie, que cresce no Mediterrâneo, a quem deu, o nome de “Órkhis (grego) Orchis (latim) ”, palavra grega que significa testículos, em virtude de sua semelhança com este órgão genital, pois, a orquídea mencionada apresentava dois bulbos terrestres, nas suas raízes.
Dioscórides, por volta do ano 100 d.C., descreveu em seu livro, “Matéria Médica”, duas orquídeas entre 600 outras plantas. Posteriormente ele especificou as suas funções na medicina. Naquela época o uso medicinal e alimentício das plantas, era estabelecido segundo a - “Doutrina das Assinaturas”, formulado pelos herbários, que considerava suas propriedades, pelo aspecto, cor e aroma.
Era atribuído às orquídeas, o poder de fertilidade e virilidade, tendo perdurado esta crendice até meados do século XVIII. As obras de Dioscórides dominaram as idéias científicas por muitos séculos.
Por volta do ano 300, há um trabalho escrito pelo Ministro do Estado chinês, Ki-Han, fazendo menção a duas orquídeas, hoje conhecidas como Cymbidium ensifolium e Dendrobium moniliforme, cujas descrições, eram encontradas em vários outros escritos daquela época.
Ao que tudo indica, o primeiro livro que tratou sobre o cultivo de orquídeas, foi escrito em chinês, no ano 1.000. Entre os anos de 1.200 e 1.600, encontra-se na China, uma literatura bem desenvolvida sobre a orquidologia asiática.
1228 - Chao Shih-ken - “Orchid Guide for Kuel and Chang-chou.
1247 - Wang Kuei-hsüeh - “Wang’s Orchid Guide”.
1590 - Chou Lu-ching “Secrets in Orchid Culture”.
1600 - (autor desconhecido) - “Na Orchid Guide for Fukien”.
Na metade do século XVI, surgiram diversos livros e trabalhos, fazendo menção sobre orquídeas. Inicialmente essas referências eram medicinais. Otto Brunfels, de Estrasburgo, publicou um livro - “Contrafayt Kreutterbuch”, editado em 1537, que incluía 6 orquídeas, entre as 240 plantas relacionadas. Simultaneamente, Leonardo Fuchs (que foi homenageado com a denominação da orquídea Fuschsia), publicou outra obra, onde fez menção a 11 orquídeas.
Ainda, em meados do século XVI, encontramos num livro alemão “Kreutterbuch”, escrito em 1552, por Jérome Bock, também conhecido por Hieronymus Tragus (tradução grega do seu nome), onde faz referências curiosas, sobre Ophris, a única orquídea que vira no decorrer de sua vida: “Das unterst Theil, dit-il, vergleicht sich einer Horness order Bremen, das oberst sieht gleich einem Vogelin mit seinem haupt und auf gethonen flügeln”-” a parte inferior, lembra uma vespa ou zangão, e a parte superior é semelhante a um pássaro, com a cabeça, e suas asas abertas”.
Num ervanário Asteca - “Manuscrito Badianus” de 1552, há ilustrações da orquídea Vanilla (Baunilha).
 No início do século XVII, a Europa, recebeu orquídeas do México e do Cabo da Boa Esperança.
Francisco Hernández, por ordem do Rei de Espanha, Philip II, realizou uma expedição, para estudar as plantas e animais da Nova Espanha (México), entre 1571 e 1577, fazendo um manuscrito, ilustrado com uma parreira de Vanilla, identificada como Arico aromatico, com a denominação de tlilxochitl . Esse manuscrito foi publicado em Roma em 1651. Em 1658 encontra-se uma referência ao termo Vaynilla, usado por William Piso, adotado por Spaniards. O nome indiano de tlilxochitl, era difícil de se pronunciar, prevalecendo então, a denominação de Vanilla, aceito pelos botânicos.
 Hernandez, no seu livro, “Natureza das plantas e animais da nova Espanha”, editado em 1615, faz menção a Laelia majalis, (reencontrada mais tarde por Humboldt, no começo do século XIX, nas montanhas que se estendem entre Acapulco e Playas de Coyuca). Hernandez, deixou também, outra obra “Rerum Medicarum Novae Hispaniae thesaurus”, registrando a figura de uma Stanhopea (S. tigrina Bat?) . Ele atribuiu a famosa flor a Lynx, tendo um desenho gravado na Académie romaine des Lyncéens, que foi muito usado em reproduções decorativas.
Na edição ampliada do livro de John Gerard “Herbal or General Histoire of Plants”, editada em 1633, encontramos uma relação de 50 orquídeas, provenientes do Mediterrâneo.
Em 1640 - John Parkinson escreveu o livro “Theatricum Botanicum”.
Em 1668,(1665?) o jesuíta Kircher, no segundo volume de seu livro - “Mundus Subterraneus”, faz menção a detalhes curiosos sobre orquídeas terrestres, de que elas vegetavam sobre cadáveres de certos animais, fazendo comparações da semelhança de algumas .
Jean Ray, escreveu o livro “Histoire des plantes”, editado em 1688, fazendo um registro muito lacônico sobre a orquídea Disa grandiflora - “orquídea africana- flor singular - herbácea”.
No século XVII, foram escritos alguns livros fazendo referências sobre orquídeas, bem como, desenhos e pinturas. O livro “Le livre des Orchidées”-1894, menciona que ainda no século XVII, Charles l’Ecluse, que era considerado um dos homens mais cultos de sua época, depois do celebre Cuvier, editou uma obra belíssima, onde fez menção a diversas plantas exóticas, “Exoticorum Libri Decem”, não incluindo nenhuma orquídea. Mais tarde, ele identificou a Vanilla, a primeira orquídea tropical a ser classificada, como Lobus oblongus aromaticus. Devo registrar que no livro “A History of Orchid”, escrito por Merle A. Reinikka, editado pela Universidade de Miami, atribui a autoria dessa publicação, a Carolus Clusius, ao que tudo indica, o nome grego de Charles l’ Écluse, fazendo uma alteração no nome latino da publicação “Exoticum Libri Decem”, mencionando que foi editada em 1605.
Nessa época, as orquídeas, não tinham ainda, despertado o interesse dos botânicos e cientistas, pois não eram muito divulgadas na sociedade européia, tanto que, grandes percursores da ciência - Caesalpin, Dodoens, Dalechamps, Jean e Gaspard Bauhin, Robert Morrison e outros, não deram muito destaque sobre orquídeas, nas suas obras.
De Lobel, se refere ao Cypripedium calceolus, chamando-o de “Calceolus Marie”- “sapatos da Virgem Maria”.
Em 1698 - Paul Hermann’s - registra algumas orquídeas na edição “Paradisus Batavus”.
No início do século XVIII, La Billardière, na França, descreveu algumas orquídeas.
Em 1703 - Plumier, faz a descrição de 3 Vanillas, encontradas no oeste da Índia.
De 1687 a 1689, Hans Sloane, pesquisou a flora da Jamaica, editando de 1707 a 1725 suas recordações “Voyage to the Islands, Madera and Jamaica”.
Em 1704 - George Joseph Kamel, publicou “Ray’s Historia Plantarum” .
De 1702 a 1709 - Jacob Petiver, editou o “Garophylacium.
Em1712 - Pierre Pomet descreve as Vanillas, encontradas, no México, Guatemala e S. Domingos, no seu livro “Compleat Histoire of Drugs” .
Em 1728, o Imperador do Japão, encarregou a escritora Joan Matsuoka, que usava o pseudônimo de Igansai, de escrever um livro sobre orquídeas “Igansai-randin”. Esse livro foi reescrito em chinês, com ilustrações em folhas de madeira, e com descrições de vários gêneros, como: Cymbidium, Neofinetia, Aerides, Dendrobium, Bletillae e muitos outros., e que, só foi publicado em 1772, depois de sua morte.
As orquídeas tropicais da Ásia, foram descritas por H. A. Rheed tot Draakenstein, Governador da ilha holandesa de Malabar, “Hortus Indicus Malabaricus”, editado em 1703, após o seu falecimento.
A formação da Cia. das Índias, de nacionalidade holandesa, bem como, a criação de portos comerciais por todo o extremo oriente, possibilitou naquela época, muitas informações sobre a fauna e flora local.
O famoso médico alemão Engelbert Kaempfer, foi enviado à Batávia, atual Jacarta, Jáva, e depois ao Japão, conseguindo reunir diversas notas e desenhos, que foram publicados em 1712, “Amoenitatum exoticarum...Fasculi”, incluindo algumas ilustrações de orquídeas, como o Dendrobium moniliforme o Epidendrum domesticum e outros.
Felippe Miller, em 1737 (1731?), quando publicou a primeira edição do seu celebre dicionário “Dictionnairy of Gardening” (Gardner’s Dictionnairy), não fez nenhuma menção com clareza sobre orquídeas, mas, mais tarde, em 1768 (1760?), na publicação “Figures of the Most Beautiful Plants” ele declara conhecer cerca de 30 espécies de Epidendrum originários da África, e 2 da Índia.
G. E. Rumphius, descreve de 1741-1750 em seu livro “Herbarium Amboinensis”, o belíssimo Phalaenopsis amabilis, sobre a denominação de Agraecum album majus .
O século XVIII, foi muito importante para o desenvolvimento da orquidofilia e orquidologia, graças a descoberta das lentes acromáticas, por Chestermoor Hall, em 1729, que proporcionou um avanço muito grande na taxinomia e fisiologia vegetal, permitindo resultados mais verdadeiros no uso do microscópio, transformando-o num instrumento científico, pois antes, as conclusões que se conseguia, apresentavam muitas distorções de forma e cor, não traduzindo uma realidade confiavel. John Dolland, de 1752 a 1757, desenvolveu trabalhos aperfeiçoando as lentes, e Lister, as adaptou ao microscópio, abrindo um novo horizonte para os estudos científicos em geral.
Nessa época, os exploradores embarcavam como auxiliares nos návios de guerra, para desenvolveram suas explorações procurando novas orquídeas. Em 1766, Philibert Commerson, acompanhou o comandante Bouganville. Em 1780 Joseph Banks, Solander, os irmãos Fosters, e André Sparmann, foram os companheiros do famoso navegador James Cook.
Em 1765, há referências a uma muda de Vanilla planifolia..
Na tradução para o português, do livro de Peter McKenzie Black - “Orquídea”, impressa em 1984, encontramos uma referência (folha 56), de que, em 1773, a Bletia verecunda foi conseguida por Peters Collinson, que recebeu essa espécie, de Providence Island, nas Bahamas, dando-a de presente para Wager, vindo a florescer no ano seguinte.
Campos Porto, diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, num artigo publicado na Revista Orquídea” vol.13 n.5, de set/out de 1951 menciona que a Bletia verecunda, foi introduzida na Europa em 1731, vindo a florescer em 1732.
Procurando esclarecer essa dúvida, encontrei referências sobre a Bletia verecunda, no livro “Orchidées-Exotiques et leur culture en Europe”, de Lucien Linden (filho de M.J.J. Linden), Alfredo Cogniaux e G. Grignan, editado em 1894, onde confirma a data de 1731, mencionando que, possivelmente seria a orquídea exótica, mais antiga, introduzida na Inglaterra.
Conseguindo a edição original, em inglês, do livro de Peter McKenzie Black, a referência feita,a essa orquídea, confirma a data de 1731 e não 1773 como esta na versão em português.
No decorrer dessa pesquisa, em diversos livros e revistas, encontrei registros, que se conflitam, em datas e nomes. Como não tenho condições de questiona-los, menciono-os com uma interrogação (?).
John Martyn, também faz referência a Bletia Verecunda, em seu livro “Historia Plantarum Rariorum”, editado em 1732.
 Segundo anotações, a primeira coleção de orquídeas tropicais, foi importada pelo médico John Fothergill, em 1780 (alguns autores mencionam 1778), que trouxe da China, o Limoderum Tankervilliae Ait (Phajus grandifolius Lour.) e o Cymbidium ensifolium Sw. É sabido que John Fothergill, conseguiu formar uma coleção de 25 espécies diferentes, de orquídeas tropicais, e que, desapareceram após a sua morte, sem se saber o seu paradeiro.
Na 1a edição do livro de Aiton “Hortus Kewensis”, temos o registro de 15 espécies exóticas em cultivo.
 Floriu no Royal Botanic Gardens, em Kew-Inglaterra, em 1787, o Epidendrum cochleatum e o Epidendrum ciliare, e em 1788, o Epidendrm fragans .
 Há referências de que também foram importadas, naquela época, outras orquídeas - em 1787 - o Epidendrum conopseum, em 1788-o Satyrium cuculatum e o Epidrendrum cochleare, em 1789-a Habenaria herbiola, e o Cymbidium aloifolium, em 1790-a Neottia alata e a Neottia speciosa, em 1791-o Oncidium Carthaginense, em 1793-o Cymbidium sinense e a Broughtonia sanguinea, em 1794-o Epidendrum paniculatum, em 1798-o Epidendrum elongatum, em 1800-a Vanilla planifolia, em 1805-a Neottia picta, em 1808-o Epidendrum cuspidatum.
Em 1793, o almirante Bligh, introduziu na Inglaterra o Epidendrum nutans e o Oncidium altissimum Sw.
No catalogo de Kew, lançado em 1795, encontra-se uma relação de 15 Epidendrums, tropicais.
Há anotações, de que, em 1796, floriu em Kensington, o Cymbidium aloifolium, e em 1800, nos jardins de Kew, o Aerides odoratum, originário da Cochinchina.
Nos fins do século XVIII, surgiram, na Inglaterra, várias coleções particulares, entre as quais, a de Lady Archer (Ham Common), a do marques Blandford, a do médico William Pittcairn, a do duque de Kent, a de Mr. T. Evans de Stepney, e a de sir. Grenville (Paddington). Uma das mais importantes, foi sem duvida, a do Sir Joseph Banks, que mesmo prejudicado pelas guerras napoleônicas, conseguiu importar de várias partes do Mundo, mais de 30 espécies novas, sendo o primeiro orquidário particular, com mais de 100 espécies diferentes.
Como a coleção de Fotherggill, outras famosas coleções desapareceram com o falecimento de seus proprietários. Dentre elas, destacamos, a de Mr. E. J.S. Woodford, a de Ricmansworth, e a de Mr. Griffim.
Os primeiros estudos que foram feitos para se organizar grupos de classificação, foram apresentados por Gesner, Cesalpin, J. Ray e Tournefort. Tinham muitos erros, e por isso. foram logo modificados.
Carl Von Linnée, (algumas publicações registram como Linné), também conhecido como Carolus Linnaeus, foi um dos primeiros botânicos, do século XVIII, a se dedicar ao estudo científico das orquídeas, classificando inicialmente as epífitas, como pertencendo a um único gênero, chamado de Epidendrum, em virtude de vegetarem sobre arvores.
Em 1738, editou o “Classes Plantarum”, onde apresentou uma base moderna de classificação botânica para as orquídeas. Ainda em1738, visitou em Paris, a famosa família de Barnard Jussieu, que era o superintendente dos Jardins do Petit Trianon, elaborando um novo método de se ordenar plantas.
 Em 1753, Linnée na primeira edição de sua obra, “Species Plantarum”, apresentou um quadro completo, de todas as plantas que se conhecia na ocasião, estabelecendo novos princípios de classificação, levando em conta os órgão de reprodução, baseando-se nos caracteres dos estames e pistilos. Nesta relação menciona 16 orquídeas tropicais: 3 Orchis e 13 Epidendrum (há publicações que registram 8 gêneros e 59/60 orquídeas). Há também registros de que na segunda edição, em 1763 (1762?), ele descreveu 99 espécies. Tempos mais tarde, em 1774, identificou 109 espécies.
Em 1789, Jussieu, teve a oportunidade de identificar 200 espécies, distribuindo-as por 13 gêneros, registrando-os no “Genera Plantarum”.
Mais tarde, outros autores, observando os princípios básicos de Linnée, criaram novas classificações. Dentre eles devemos registrar: Robert Brown, Pyrame de Candolle - “Prodromus Systematis naturalis regni vegetabilis”- (que foi acabado sobre a direção de seu filho Alphonse de Candolle), Lindley - “The Vegetable Kingdom”- 1845-1847, Endlicher - “Genera Plantarum”- 1836, Brongniart - “Enumeration des genres de plantes cultivées au Museum d’histoire naturelle de Paris” - 1843, Betham e Joseph Dalton Hooker - “Genera Plantarum”- 1862-1883, Van Tieghem “Traité de Botanique”.
Em 1790, Loureiro, missionário português, e botânico famoso, fez várias explorações na Cochinchina, e criou um novo gênero, denominando-o de Aerides, em virtude de sua vegetação aerea, fazendo o seguinte registro: “É extraordinária, a propriedade que possui o Aerides odoratum, de viver, florir e frutificar, durante anos, suspenso no ar, sem nenhum elemento vegetal nutritivo”.
“Hipolito Ruiz e José Antonio Pavon - que estudaram a flora do Chile e Peru, registraram suas pesquisas no livro “Florae Peruvianae et Chilensis Prodromus” - 1794 (1a edição) -1797 (2a edição).
C.P. Thunberg - “Icones Plantarum Japonicarum” - 1794-1805.
Willdenow - “Species Plantarum”- publicado em 6 tomos com 12 volumes entre 1797 a 1830, fazendo referência sobre orquídeas, no vol. 4 - 1805.
Em meados do século XVIII, os Oficiais de marinha e os Capitães de navios, tiveram uma participação muito importante no transporte de orquídeas e de outras plantas, para a Inglaterra. Essas importações foram suspensas quando eclodiu a guerra do Primeiro Império, pois os oficiais tinham outras responsabilidades mais sérias, do que, introduzir flores na Europa.
Compreende-se então, o porque, do comércio de orquídeas, ter se voltado para a América do Sul, e principalmente para a Jamaica, pois esse paiz, já mantinha um intercâmbio comercial regular, com a Europa.
Em 1812, foram importadas por William Roxburg, as primeiras orquídeas indianas, uma Vanda, que floresceu em 1819, recebendo o seu nome, Vanda Roxburghii, um Aerides e um Dendrobium . Em 1832, fez alguns registros na “Flora Indica”- vol. 5.
De 1823 até 1825 - M.David Lockart, enviou de Trinité, para Inglaterra, as primeiras mudas de Stanhopea insignis, de Oncidium Papilio, e de Catasetum tridentatum.
Allan Cunningham, coletou e descreveu, em 1823, as primeiras orquídeas australianas.
O sueco, Oloff Swartz, um dos sucessores de Linnée, na Cadeira de Botânica da Universidade de Upsala, vendo o seu sucesso, fez alguns estudos sobre orquídeas, divulgando-os em Estocolmo, em 1800, na Academia de Handlingar. Em 1799, publicou no jornal “Schraeder’s fur die Botanik”, “Dianome Epidendri generis Linn.”. Em 1805, publicou também alguns artigos sobre orquídeas, no jornal “Schrader’s neues Journal”, “Genera et Species Orchidearum systematice Coordinatarum”. Depois de minuciosos estudos, ele separou as orquídeas que possuíam 2 anteras (que eram a maioria) e as que possuiam apenas uma (gênero Cyrpripedium). Essas divisões foram mais tarde adotadas por Lindley, como Diandrous e Monandrous. Oloff, efetuou uma viagem de exploração, para as Antilhas, descobrindo mais orquídeas que todos os seus predecessores, identificando cerca de 52 espécies novas.
Joséph Warscewicz, naturalista polonês, tendo participado de um levante revolucionário, contra o domínio russo, em 1830, foi obrigado a se refugiar na Bélgica, onde conseguiu emprego no estabelecimento de floricultura pertencente a Van Houtte Père. Houtte, o enviou para Colômbia, onde fez algumas coletas, descobrindo uma espécie de Cattleya com bulbos e folhas, maiores do que, as que eram conhecidas até então. Em 1848 (1850?), embarcou pelo rio Magdalena, num barco fluvial, o material coletado, para um porto marítimo. Ao chegar as cataratas, o navio naufragou e as plantas caíram na água. Com grande esforço, conseguiu recuperar uma parte, que enviou para Europa, onde chegaram apodrecidas. Com o que sobrou, e ajudado por algumas flores prensadas, que Warscewicz enviou depois, para Reichenbach fil., foi possível reconstruir o aspecto da planta, fazendo em 1854 (1857?) a sua descrição científica, em “Bonplandia” . Nesta altura, Warscewicz já tinha retornado para Europa, indo trabalhar no jardim botânico de Krakow.
Poucos anos depois, um botânico colombiano, José L Triana, conseguiu coletar novamente a Cattleya descoberta por Warscewicz, cedendo algumas mudas para Jean Jules Linden, que era nesta ocasião, Cônsul da Bélgica em Bogotá, e que floriram em sua chácara. Em 1873 (1874?), publicou sua ilustração na revista francesa “L’Ilustration Horticole”.
No início do século XIX, surgiu a primeira firma comercial, que se dedicou especialmente a importação de orquídeas. Foram os irmãos Loddiges, de Hackney, na Inglaterra, que alcançaram renome nas primeiras décadas. Essa firma encerrou suas atividades em meados desse mesmo século, tendo o seu nome sido perpetuado, através da Cattleya Loddigesii e do Dendrobium Loddigesii.
A nossa cidade de São Paulo, foi mencionada pela primeira vez, nas paginas da orquidologia mundial, em 1804, quando Mr. E.J.S. Woodford, enviou dessa Capital, para Mr. Anderson, que era na época o curador do Jardim Botânico, da Apothecaries Company, em Chelsea-Inglaterra, o Cyrtopodium Woodfordii, que floresceu dois anos mais tarde.
Foi ainda o mesmo Woodford, que enviou também de São Paulo, no ano de 1810, para Mr. Shepherd, diretor do Jardim Botânico de Liverpool - Inglaterra, vários exemplares de uma orquídea, que floresceu a partir de 1811. Uma muda dessa espécie chegou as mãos dos Srs. Loddiges, e foi em 1819, descrita no “Botanical Cabinet”, como Epidendrum violaceum. Em 1823, John Lindley a classificou como Cattleya Loddigesii.
Em 1812, M.C. Loddiges, publicou o primeiro catalogo de orquídeas, cultivadas em suas estufas, em Hackney-Inglaterra, mencionando ter recebido o Oncidium ensifolium, vindo de Montevidéu, e que havia florescido, durante a viagem, pendurado na cabine de um tripulante do navio, desprovido de toda terra.
 Em 1820, aumentou ainda mais o seu plantel, importando de várias partes do mundo, grande quantidade de orquídeas. Usava como substrato, estrume de boi, decomposto, misturado com musgo e um pouco de saibro.
Suas estufas eram aquecidas por meios de tubos e tijolos, onde passava a fumaça de um forno, submetendo-as a uma temperatura muito elevada. Sobre esses tubos colocava camadas de tanino, que era irrigado constantemente, produzindo assim, um denso vapor, que se espalhava pelo ambiente.
Conrad Loddiges, entre 1817 e 1833 (1818/1838?), começou a editar o “ Botanical Cabinet”, obra em 20 volumes com 2.000 pranchas, algumas sobre orquídeas.
O processo usado para cultivo era ainda inadequado, pois as plantas eram mantidas em estufas impróprias para sua sobrevivência. Temos anotações, no “Botanical Magazine”, de que o Cymbidium aloifolium, era plantado em um pote de terra argilosa, misturado com turfa, folhas e casca de arvore, sem tanino, tendo o ambiente aquecido com um forno. A planta cresceu mas não floriu, ao ser mudada de local, veio mais tarde a florir. Não encontramos no entanto, informações sobre as condições do novo ambiente de cultivo.
Sir Joseph Banks, por volta de 1815/1820, conseguiu algum sucesso, com a cultura, em sua estufa, próximo a Richmond Surrey, mesmo seguindo o critério de estufas aquecidas, só não temos anotações sobre as plantas que foram cultivadas.
Em 1830, John Lindley, que na época, era secretário da Sociedade Real de Horticultura de Londres, considerado uma grande autoridade sobre o cultivo de orquídeas, recomendava que elas deviam ser cultivadas em ambiente de alta temperatura, mantendo um sombriamento, e uma grande umidade. As plantas cultivadas nessas condições, duravam pouco tempo.
Com as observações que foram sendo feitas, houve uma evolução nos sistemas de cultivo, tanto que, em 1838, Lindley, fez no “Botanical Register”, o seguinte comentário “O sucesso das orquídeas epífitas, cultivadas por Paxton, é maravilhoso. A temperatura a que elas são submetidas, o lugar onde são aquecidas, é também úmido e perigoso como uma selva indiana. É também calmo e agradável, como o clima de Madére”. O importante é que Paxton, proporcionava as suas plantas uma boa aeração e drenagem.
Joseph Paxton, foi um dos mais notáveis jardineiros daquela época, era encarregado de cuidar dos Jardins do Duque de Devonshire, em Chalsworth, que iniciou sua coleção de orquídeas em 1833. Tal era o entusiasmo do Duque, pelas orquídeas, que, mandou, em 1836, o seu próprio coletor, Gibson, um destacado botânico inglês, aos montes Kasia. Chegando em Bramaputra, em Assam, Gibson comunicou que havia coletado cerca de 50 espécies diferentes e totalmente desconhecidas na Inglaterra, dentre elas, o Dendrobium thyrsifolium. Paxton, sempre procurou divulgar os seus métodos de cultivo, orientando os demais Jardineiros. A partir de 1834 começou a editar a revista - “Magazine of Botany and Register of flowering ”, onde registrava os progressos que se obtinha no cultivo das orquídeas. Em 1849, a revista mudou de nome, passando a se chamar “Paxton’s Flower Garden”, assumindo a editoração, John Lindley, que manteve a mesma orientação.
Em 1841, Beaton, um jardineiro muito observador, escreveu no “Gardeners’ Magazine” o seguinte comentário: “as orquídeas, devem ter um período de repouso”.
Voltemos um pouco, ao início do século XIX, onde encontramos algumas obras que devem ser mencionadas, pois graças a esses estudos, as orquídeas, a partir de 1815, começaram a ocupar um lugar de destaque nos grandes estabelecimentos comerciais, incentivando não só aos botânicos, como também, aos colecionadores, a desenvolverem o seu cultivo.
Em 1817, Louis Claude Richard, criou novas denominações para designar mais claramente os órgãos dessas plantas, que considerava bizarras e estranhas, publicando em Paris, o livro “De Orchideis europaeis adnotationes”.
Aubert du Petit Thouars, descobriu as admiráveis orquídeas das ilhas de França, de Réunion e de Madagascar, publicando o resultado dos seus trabalhos, no livro - “Histoire particulière des plantes Orchidées recueilliés sur les trois iles australes d’ Áfrique, de France, de Bourbon et de Madagascar”- Paris 1828 (1822) .
Pablo de La Llave e Johannis Lexarza, publicaram em 1824-1825, a grande obra “Novarum Vegetabilium Descriptiones” descrevendo algumas orquídeas mexicanas.
Sprengel - publicou um sistema vegetal de plantas “Systema vegetabilium”, mencionando algumas orquídeas, no vol. 3 -1826.
A Royal Horticultural Society- Londres, em 1826 menciona no seu VI anuário, que aumentou sua coleção em cerca de 180 espécies de orquídeas tropicais, demonstrando o seu interesse por essas plantas.
Achille Richard, filho de Louis Claude Richard, estudou as orquídeas das ilhas Mascareignes, editando em Paris, em 1828, a “Monographie des Orchidées des iles de France e de Bourbon”. Mais tarde, as da Nigéria, publicando em 1841, a “Monographie des Orchidées recueillies dans la chaine des Neilgherries”,publicado nos “Annales des Sciences Naturelles”-vol.15. Também estudou as orquídeas do México, com a participação de Galeotti, escrevendo em 1845 (Richard e Galeotti) ”Orchidographie mexicaine” . Em 1847, publicou suas pesquisas sobre a flora da Abissínia -“Tentamen Florae Abyssinicae”.
Esses importantes trabalhos e estudos, apesar de terem tido o seu valor, foram suplantados pelos apresentados, por John Lindley, professor da Universidade de Londres, que, a partir de 1830, lançou as novas bases sobre a orquidologia moderna, editando de 1830 a 1840 a admirável obra “ The Genera and Species of Orchidaceous plants”. Essa publicação serviu para os trabalhos feitos em conjunto com pintor austríaco, radicado em Londres, Francis Bauer, que fez algumas ilustrações - “Ilustrations of Orchidaceous plants” durante os anos de 1830 a 1838. Tal foi o seu entusiasmo, que se dedicou a novos estudos, sobre as plantas que recebeu de toda parte do mundo.
Lindley, consagrou-se pelas suas obras, consideradas imortais, que realizou no decorrer de sua vida. Depois de 1821 (1826?), ano em que lançou o seu primeiro livro sobre orquídeas “Orchidearum Sceletos” (obra muito rara), até 1865, ano em que veio a falecer, não deixou de publicar seus trabalhos, que nos deram importantes ensinamentos, sobre os caracteres científicos e biológicos, de suas plantas favoritas, as orquídeas, lançando as bases criteriosas da primeira classificação. De 1821 a 1825, publicou a “Collectanea Botanica” (com 41 pranchas coloridas, sendo que, a maior parte de orquídeas). Em 1835, escreveu “Upon the Cultivation of Epiphytes of the Orchid Tribe”. Em 1836 também escreveu “Notes on the Cape Orchidaceae of Drege”, e “Notes on some Genera and Species of American Orchidaceae”, publicados no “Botanical Magazine” - vol-2. De 1838 a 1841, publicou o “Sertum Orchidaceum”, de 1842 a 1845, editou “A century of new genera and Species of Orchidaceae”, em 1846 - Orchidaceae Lindenianae”,1a edição em 1846, 2a edição em 1848 e a 3a edição em 1853. - “Folia Orchidaceae”, de 1852 a 1859 (1857-1858?) - “Contribuitions to the Orchidology of India” (no journ. Linn,Soc. I. III.). Escreveu diversos artigos e descrições sobre orquídeas, em diversas publicações como: “Botanical Register”(que ele dirigiu de 1824 a 1847), no “Gardeners’ Chronicle” (que ele fundou em 1842), no “Journal de la Société Linnéene” - de Londres, nos “Annales of Natural History”, no “Flower Garden” (de Paxton), no “Journal of Botany” (de Hooker), e em muitos outros.  
Kuhl (Khul?) e Van Hasselt, em 1827, coletaram magnificas orquídeas, na ilha de Java, que foram descritas pelo professor Breda, no “Genera et species Orchidearum quas in Java collegerunt Kuhl e Van Hasselt”.
Por volta de 1830, a Universidade de Gand, deu um grande destaque aos trabalhos de Charles Morren, sobre a Orchis latifolia, publicando-os - “Description botanique e anatomique de Orchis latifolia”.
Nathaniel Wallich, entre 1830 e 1832, desenvolveu estudos sobre as orquídeas da Ásia-oriental, publicando “Plantae Asiaticae Rariores”.
Em 1833 (1831?), temos uma interessante publicação de Robert Brown, sobre os órgãos e fecundação das orquídeas - “Observations on the Organs and Mode of Fecundation in Orchidaceae and Asclepiadeae”, em 1810, “Prodromus Florae Novae Hollandiae”, pesquisou também, a botânica da Austrália “Botany Australis”. Em 1813, na 2a edição, vol 5 do “Aiton’s Hortus Kewensis”, fez algumas descrições.
 M.N.E. Brown, fez diversas publicações no “Gardeners’ Chronicle”, na “Lindenia”e no “L’ Illustration Horticole”.
James Bateman, estudou de 1837 a 1843, as orquídeas do México e da Guatemala, registrando-as em seu livro “Orchidaceae of México and Guatemala” . Em 1867, seguindo o exemplo de W.Jackson Hooker, publicou uma segunda série de 100 plantas com excelentes ilustrações “A Second Century of Orchidaceous Plants”, de 1864 a 1870 (1874?), editou a “Monograph of Odontoglossum”. Escreveu também diversos artigos nos jornais “Botanical Magazine”e “Gardeners’ Chronicle” . .Precisando de ajuda, para as pesquisas que precisava desenvolver, escreveu a Ure Skinner, que era uma pessoa de difícil dialogo. Para sua surpresa, recebeu uma resposta favorável. Diversas orquídeas guatemaltecas, foram denominadas, em sua homenagem.
Pöppig e S. Endlicher, fizeram pesquisas, entre 1835 e 1845, sobre as orquídeas do Chile, do Peru, e do baixo Amazonas, registrando na sua publicação”Nova Genera et Species quas in regno chilense, peruviano, et ion terra amazonica collegerunt”. Em 1836, publicou a 1a edição do “Nova Genera ac species plantarum”-e de 1837-1838 - 2a edição.
Martel entre 1840 e 1842, publicou em Strasbourg, importante obra, com belíssimas pranchas -“Mémoire sur plusieurs Orchidées nouvelles on peu connues avec des observations sur les caracteres génériques”.
Robert Wight, estudando as orquídeas da Índia ocidental, publicou de 1840 a 1856 o “Icones plantarum Indiae ocidentalis” (há registros controvertidos entre ocidental e oriental).
Em 1842, temos um livro, de A. Todaro, sobre orquídeas “Orchideae Siculae”.
A. Mutel, também em 1842, escreveu - “Mémoire sur plusieurs Orchidées nouvelles ou peu connues”.
Em 1846, William Jackson Hooker, que dirigiu de 1827 a 1864, o “Botanical Magazine”, conseguiu reunir cerca de 100 mudas de orquídeas, das mais belas que encontrou, descrevendo-as em sua obra “A century of Orchidaceous plantas”, com 100 pranchas coloridas, reproduzidas do “Botanical Magazine”. Em 1823-1827, publicou “Exotic Flora”, com 232 pranchas coloridas.
L.Van Houtte - editou “Flore de Serres”, em Gand, na Bélgica, com 23 volumes - e 2.490 pranchas - de 1845-1880.
O ano de 1841, foi muito importante para orquidologia, marcando o início de uma nova era.
Foi em 1841, que M.J. J. Linden retornou da viagem que fez à Cuba e ao México, trazendo conhecimentos que ainda eram desconhecidos dos cultivadores, sobre ambientes, climas e condições de cultivo das orquidáceas tropicais. Ainda neste ano, programou outra viagem de explorações, onde esperava fazer novas descobertas, enriquecendo a ciência e fornecendo ao mesmo tempo os subsídios que faltavam à horticultura, sobre a vida das orquídeas, no seu ambiente natural. A partir desse momento, Linden, não deixou de enviar constantemente informações de considerável importância para os cultivadores, sobre as condições climáticas e ambientais das orquídeas, no seu habitat.
M.J. Linden, ao voltar de sua viagem em 1845, construiu a primeira estufa “fria” (sem aquecimento), onde colocou e cultivou com sucesso as orquídeas que trouxe dos Andes.
Os outros amadores, em princípio, ficaram incrédulos, mas diante do sucesso de Linden, aderiram ao seu esquema de cultivo. Tanto que, Lindley, publicou no seu “Orchidaceae Lindenianae”, uma observação importante sobre o Epidendrum frigidum, encontrado por Linden, a 13.000 pés de altitude, debaixo de uma névoa permanente, evidenciando assim, a necessidade de mudar inteiramente a sistemática de cultivo, que até então, era adotada.
Esse posicionamento de Lindley, fez com que, os amadores que ainda tinham alguma dúvida sobre o cultivo de Linden, passassem a adota-lo.
Também, a título ilustrativo, devemos registrar que, em 1826, John Smith, enviou 60 espécies para Kew (Londres). Em 1836, construíram uma estufa, tentando adapta-la ao cultivo de espécies tropicais, sem conhecer no entanto, as suas principais exigências.
Em 1850, Lucien Linden, menciona que a coleção de Kew, já era representada por cerca de 830 espécies diferentes.
Para mostrar a importância que as orquídeas tinham na alta sociedade, diversos nobres, se dispunham a cultiva-las. Assim, é interessante registrar, algumas das célebres coleções já existentes em 1845: - Na Bélgica, tínhamos, a da família Real, (em Lacken), a de M. Parmentier, a do duque de Arenberg, a do cavalheiro Parthon de Von, (em Anners), a do cavalheiro Heyndericky, (em Gand), a de M. Van Ders Macley, (em Bruxelas), a de M. Bays, (em Bornhen), a de M. Cannart D’Hamale, (em Malines). As estufa eram pequenas, e o cultivo ainda inadequado.
Em 1848, surgiu uma grande coleção, a do sir. William Middleton, perto de Ipswich, que reunia 50 espécies diversificadas, como: Aerides, Brassavola, Miltonia, Calanthe, Vanda, Zigopetalum e muitas outras.
Outros coletores, como L. Schlim, e Weir, seguiram as orientações de Linden e com novas excursões aumentaram o número das plantas, trazidas da América do Sul, enviando-as para Sociedade Horticultural de Londres, e também para diversos outros coletores e colecionadores, como: Blunt, Warscewicz, José Triana, Hartweg, Wallis, Roezl, Klaboch,Lobb, Cuming, Parish, Welwitsch, e muitos outros, aumentando assim, a lista das orquídeas cultivadas na Europa.
Ainda, sobre a orientação de Linden, várias outras importações foram feitas por grandes horticultores e colecionadores, tais como: - M. M. Loddiges, James Veitch (autor de inúmeras descobertas sobre hibridação), Backhouse de York, Rillinsons, Hugh Low, Sander, Charlesworth (na Inglaterra) M.M. Verschaffelt, Jacob Makoy, Van Houtte (na Bélgica). M. Morel (na França) .
Esses grandes nomes da época, marcaram uma passagem muito importante na orquidofilia.
As primeiras viagens, que enriqueceram o meio cultural botânico, com esclarecimentos bastantes precisos sobre flores, e clima das regiões tropicais, foram as efetuadas pelos celebres exploradores Alexandre Humboldt (falecido em 1859), e Aime Bonpland, entre os anos de 1799 e 1802, registradas ëm 1805, na publicação - “Essai sur la géographie das plants” . As grande descobertas de Humboldt e Bonpland, foram descritas por Kunth, célebre botânico alemão, residente em Paris, na sua importante obra, “Nova Genera et Species Plantarum”-1815-1825. As plantas que foram descritas, pertenciam na sua maior parte a Colômbia e Venezuela, referindo-se muito pouco sobre orquídeas.




A HISTÓRIA DAS ORQUÍDEAS - parte 2
João Paulo de Souza Fontes


As primeiras viagens, que enriqueceram o meio cultural botânico, com esclarecimentos bastantes precisos sobre flores, e clima das regiões tropicais, foram as efetuadas pelos celebres exploradores Alexandre Humboldt (falecido em 1859), e Aime Bonpland, entre os anos de 1799 e 1802, registradas ëm 1805, na publicação - “Essai sur la géographie das plants” . As grande descobertas de Humboldt e Bonpland, foram descritas por Kunth, célebre botânico alemão, residente em Paris, na sua importante obra, “Nova Genera et Species Plantarum”-1815-1825. As plantas que foram descritas, pertenciam na sua maior parte a Colômbia e Venezuela, referindo-se muito pouco sobre orquídeas.

Em meados do século XIX, um dos nomes que dominou a história das plantas, foi sem dúvida, M. Jean Jules Linden .

É portanto importante que recapitulemos um pouco de sua vida, para conhecermos o que ele fez.

M.J.J. Linden, nasceu em Luxemburgo, em 03/02/1817. Fez o curso clássico, ingressando depois, na Faculdade de Ciências e Medicina, da Universidade de Bruxelas. Teve uma formação botânica influenciada por M. Bartthelemi Du Mortier, que era Governador belga. Mortier, programou uma viagem cientifica, para América do Sul, confiando essa missão a M. J. Linden, em virtude dos grandes conhecimentos que demonstrava ter, sobre ciências naturais, e principalmente sobre botânica.

A seu pedido, embarcaram juntos nessa expedição, M. Nicolas Funck, como desenhista, e Aug. Gheiesbreght, como ecologista. Os 3 viajantes, embarcaram em Anvers, num navio a vapor, em 02/10/1835, e chegaram ao Rio de Janeiro em 24/12/1835. Devemos anotar, que, foi a primeira vez que um navio a vapor, fez a travessia do Oceano Atlântico.

Depois de 18 meses de pesquisas, pelas Províncias do Rio de Janeiro, Espirito Santo, Minas Gerais e São Paulo, a missão retornou à Bélgica, carregada de ricas coleções botânicas e zoológicas. Ao chegar, foram honrados com uma exposição pública em Bruxelas, por ordem do Governador.

Depois de algum tempo, os mesmos exploradores, receberam ordem de estender suas investigações sobre as Grandes Antilhas e México.

Eles embarcaram em Havre, em 1837, e foram explorar a parte ocidental da Ilha de Cuba, pois o México, enfrentava uma guerra civil. Visitaram o platô de Anahuae, o Popocatepelt, o pico de Orizaba e toda a vertente da cordilheira mexicana.

Depois de 2 anos de buscas, os 3 viajantes, embarcaram para Vera Cruz, por Campêche, e estenderam suas explorações sobre Yucatan. Nessa ocasião, foram acometidos de um ataque de febre amarela, que os obrigou a suspender os seus trabalhos.

J. Linden conseguiu curar-se, e depois de 3 meses de convalescença, esgotado, e ainda inspirando cuidados, foi com seus companheiros ao Estado de Tabasco, explorando também o Estado de Chiapas, e o norte da Guatemala, seguindo para os Estados Unidos, por Campêche e Havana, enquanto que, seus companheiros, embarcaram direto para Europa.

Jean Linden, voltou para Bélgica em 1841, programando logo, nova viagem para Colômbia e Venezuela. Embarcou em outubro do mesmo ano com destino à Cadis e La Guaíra, onde desembarcou em dezembro seguinte. Explorou os flancos da cordilheira litorânea da Venezuela, passando por Cerro de Avila, e Silla de Caracas. Durante 3 meses percorreu a Província de Caracas, dirigindo-se depois para o oeste do vale de Aragua, até Valência, descendo para Puerto Cabello, atravessando a grande floresta de San Felipe, seguindo para Província de Borquisimeto e Quibor, transpondo o páramo de Mucuchies, situado a uma altitude de 4.012 metros do nível do mar, chegando depois a Mérida.

Linden, passou vários meses explorando, não só, essa Província, como também, a de Trujilo, percorrendo minuciosamente os seus pontos mais importantes, indo até a Serra Nevada de Mérida, passando pelo porto de Tachira, penetrando pela Província de Santander, na Nova Granada. Seguiu caminho pelas Províncias de Solo, Socorro e Vilar, chegando à Bogotá em outubro de 1842.

Em Bogotá, Linden, visitou os platôs e montanhas da redondeza, descendo em dezembro, para o baixo rio Magdalena, que na altura de Melgar, chega a medir mais de 100 metros de largura. Atravessou o rio a nado, com toda sua caravana e com o material colhido. Percorreu então, as grandes planícies de Espinhal, chegando à Ibagué, subindo até Tolima, onde acampou em 5 de janeiro de 1843, numa altitude de 4.930 metros do n.m., no limite das nuvens.

Penetrou pelas imensas florestas de Quindin, e, seguiu para as baixas regiões do Vale de Cauca, chegando até as margens do mar do sul.

A 17 de agosto de 1843, ele retornou à Caracas, de onde partiu para Puerto Cabello, indo em direção do rio Hácha. Sua finalidade era explorar a Serra Nevada de Santa Marta, que percorreu, em todos os sentidos. Apesar dos muitos perigos enfrentados, conseguiu atingir o pico dos montes nevados.

Logo em seguida, Linden, partiu para outra missão, não menos perigosa, que era percorrer o interior de Goajira, região habitada por índios ferozes e antropófagos. Seguindo o seu caminho, embarcou para o rio Hácha, pela Jamaica, percorrendo as montanhas azuis, indo de lá, para parte oriental de Cuba, onde foi até as altas montanhas, que até então, não haviam sido exploradas cientificamente. Demorou 6 meses, pesquisando essas paragens, conseguindo se livrar de um terrível terremoto, que arrasou essa ilha em outubro de 1844. Retornou aos Estados Unidos, de onde, embarcou definitivamente para Europa. É importante registrar que J. Linden, tinha nessa data,cerca de 28 anos, mas já apresentava uma fisionomia cansada.

Quando de seu retorno à Bélgica, o grande sábio, M. Émile Rodigas, diretor da Escola de Horticultura do Estado de Gand, escreveu o seguinte comentário: “Nas suas longínquas e longas peregrinações, a botânica e a horticultura, conseguiram inúmeros benefícios, das milhares de espécies novas, pertencentes a todos os gêneros do reino vegetal, ai está, o que a ciência, deve aos infatigáveis e perseverantes trabalhos de M.J. Linden”.

De volta à Bruxelas, M.J.Linden, continuou a se dedicar, a mesma causa, dirigindo e orientando novos coletores de plantas, transmitindo os seus conhecimentos e experiências sobre as regiões que ele explorou, durante muitos anos, informando os mínimos detalhes, graças a sua memória prodigiosa.

Linden, fundou em Bruxelas, o famoso “Estabelecimento de Introdução”, que era reconhecido como um atestado de boa reputação, na Europa. Mais tarde, esse Estabelecimento, foi transferido para Gand, atingindo assim, o seu período áureo, cobrindo-o de honra e glória, merecidamente.

Linden, entrou num período de descanso, não deixando no entanto, de dar a sua colaboração, para a ciência e horticultura, do mesmo modo, de quando era jovem, o que, nunca deixou de ser.

Foi distinguido, com sua nomeação para Cônsul da Colômbia, onde passou a residir em sua chácara, em Fusagasugá, pintando várias orquídeas, e escrevendo artigos para publicações especializadas.

Linden formou diversos coletores, que seguindo os seus ensinamentos, fizeram muitas viagens pelo Mundo, criando, muitos deles, os seus próprios nomes, e enriquecendo ainda mais a Botânica, e,em especial, a orquidofilia.

Lucien Linden, filho de M.J.J. Linden, registra no livro, “Orchidées Exotiques et leur culture en Europe”, publicado em 1894, referências sobre botânicos, daquela época, como o Rev. Baron de Madagascar, M. Édouard S. Rand, dando um destaque todo especial à João Barbosa Rodrigues, eminente diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, mencionando suas descobertas, e fazendo referências sobre seus grandes trabalhos, que estavam sendo impressos na - “Flora Brasilienses”.

Complementando a sua passagem, pelo reino das orquídeas M.J.J. Linden, deixou registrado os seus feitos, em obras valiosíssimas que até hoje nos mostram a grandiosidade dos seus trabalhos.

J.Linden et Planchon “Troisième voyage de J.Linden das les parties inter-tropicales de l’Amérique” - Bruxelas - 1863.

J.Linden et Reichenbach - fizeram várias descrições de orquídeas, publicando-as em jornais e revistas - “L’Illustration Horticole” - “Lindenia”, “Xenia Orchidacea”,”Gardeners’ Chronicle”, e outros.

J.Linden - “Pescatorea”- (Iconographie des Orchidées) - um grande volume com 48 pranchas coloridas.

Lucien Linden e Émile Rodigas,publicaram artigos na “Lindenia”e no “L’Illustration Horticole”.

J.Linden e Lucien Linden - “ Lindenia” .

Lucien Linden - deu seqüência aos trabalhos de seu pai, e criou em 1890 um guia prático de cultura, com edição bimensal - “Le Journal des Orchidées”.

Auguste Linden - realizou viagens pelas ilhas Moluscos, Nova Guiné, entre 1885-1886, e pelo Congo de 1886-1887.

Alguns coletores eram totalmente desconhecidos nos meios botânicos, como, J. Henry Chesterton, que começou sua vida como camareiro, aprendendo, não se sabe com quem, a embalar orquídeas. Chesterton, apareceu um dia, com uma coleção de orquídeas, tão bem embalada, que foi considerado o melhor profissional do mercado, o que muitos outros coletores, mais antigos e experientes, não conseguiram . Logo depois, fez várias viagens para a América do Sul, coletando e introduzindo na Inglaterra, a tão cobiçada orquídea -“Odontoglossum-vermelho”, que hoje, classificada corretamente, é conhecida como Miltônia vexillaria .

Temos também, conhecimento de outros coletores, que não eram profissionais, e que prestaram sua colaboração na coleta de plantas. Dentre eles, podemos mencionar Hugh Low, que era secretário Colonial em Labuan, norte de Bornéo, e que descobriu muitas orquídeas, que eram, até então totalmente desconhecidas.

Encontramos registros de que M. Nicolas Funck, retornou à Venezuela e Colômbia, fazendo novas explorações, entre 1845/1847 e depois 1848/1853. Aug. Cheiesbreght, também fez outras viagens, visitando o México entre 1857-1858.                   

Outro grande nome, que marcou passagem na era dos “coletores e exploradores” de orquídeas, foi o de James Veitch, fundador dos estabelecimentos James Veitch & Sons, localizado em Exeter - Inglaterra. Em 1853, mudou-se para Chelsea, quando incorporou a firma Knight & Perry - The Royal Exotic Nursey.           

A direção desse estabelecimento, era formada por membros da família: James Veitch, James H. Veitch, James Veitch junior, John Gould Veitch e Harry Veitch.

Em 1840, quando ainda não tinha se vinculado as organizações de Chelsea, Veitch enviou William Lobb, de Cornualha, seu ex-empregado, numa expedição para América do Sul. Lobb chegou ao Rio de Janeiro, encontrando algumas espécies consideradas raras, na Inglaterra.

  Um dos seus sucessos, foi a descoberta do Cypripedium (hoje paphiopedilum) caudatum, encontrado no Peru. Fez também, explorações na Venezuela. O irmão de William, Thomas Lobb, 3 anos mais tarde, iniciou também sua vida de explorador, chegando a ser considerado um dos grandes coletores de Veitch, tendo total autonomia de ação, e conhecendo bem o que deveria fazer. Partiu para o Oriente, onde tomou conhecimento, que a China, não estava interessada em ter coletores europeus percorrendo suas florestas. Assim, explorou Java e ilhas adjacentes. Em sua segunda viagem, foi mandado para Índia, chegando à Calcutá em 24/12/1848, onde ficou fazendo suas explorações e coletas, pelo nordeste, nas cercanias de Assam e montes Khasia, por cerca de 3 anos.

Thomas Lobb, prestou serviços, para Veitch, durante 20 anos, tendo coletado durante esse período diversas orquídeas, dentre elas, a famosa Vanda coerulea, que fora descoberta por W. Griffiths em 1837. Outra famosa orquídea que coletou, foi o Paphiopedilum villosum, considerada como uma verdadeira raridade.

Lobb, coletou também muitas plantas, na Birmânia, dirigindo-se para o sul do arquipélago malaio, Labuana e Sarawak, indo para as Filipinas, nas cercanias de Manilha. Depois dessas viagens, retornou a Cornualha, onde veio a falecer em 1894.

A vida desses exploradores, era cheia dos mais diversos perigos, tanto que, o “Hortus Veitchii”, registra que, num período de 2 anos, 3 coletores, ainda jovens, faleceram, com suas saúdes abaladas, devido as condições de trabalho e de doenças tropicais. Outros fatos, também abalavam o desempenho do trabalho desses abnegados. Conta-se que, David Bowmann, tinha coletado uma grande quantidade de plantas, e estava próximo de Bogotá, quando foi vitima de um roubo, ficando totalmente sem dinheiro, e impossibilitado de embarcar o material, para Inglaterra, tendo que aguardar, que enviassem, numerário suficiente, para tal. Nesse meio tempo, contraiu uma disenteria, vindo a falecer logo depois.

É sabido, que o próprio filho de Veitch, John Gould, que foi grande coletor de Phalaenopsis, faleceu, ainda jovem, com 31 anos, de uma infeção pulmonar, nas Filipinas.

Ainda, referindo-se a Veitch, temos que registrar um fato interessante, não sei, se talvez único entre os coletores. Gustave Wallis, um dos bens sucedidos coletores de Veitch, era totalmente surdo e meio retardado, não pronunciando uma só palavra até os 6 anos de idade, tornando-se mais tarde, fluente em diversas línguas estrangeiras. Wallis aprendeu jardinagem em Detmold, na Alemanha, vindo depois para o Brasil, abrir uma filial de uma firma alemã de horticultura, que faliu posteriormente. Em 1858, ele ficou sem saber o que fazer, e ofereceu seus préstimos, para Linden, propondo apanhar plantas e envia-las para Bruxelas. Em 1870, filiou-se a Veitch, enviando-lhes plantas de Nova Granada, inclusive o tão cobiçado e perfumado Epidendrum wallisii. Entre 1864 e 1871, viajou pela Amazônia, Peru, Equador, Venezuela e Colômbia.

Mencionamos, o caso do coronel Benson, que era um expatriado, e que enviou para Veitch, da Birmânia, diversas espécies novas e raras.

  G. Ure Skinner, remeteu também para Veitch e para Royal Horticultural Society, diversas orquídeas da Guatemala.

Em se falando de Veitch, não podemos deixar de registrar, que foi nos seus estabelecimentos, que John Dominy, em 1853, provou que a hibridação das orquídeas, dirigida cientificamente pela mão do homem, era possível.

Para mostrar a importância que essa flor tinha entre as pessoas ilustres daquela época, temos registros, que o Xogun, Comandante em Chefe da Armada e Regente Virtual do Japão, em 1867, possuía orquídeas, cuidando pessoalmente do seu cultivo.

No fim da década de 1870, o nome de Frederich Sander, começou a despontar, e, no final do século XIX, a House of Sander, dominou o mundo dos coletores de orquídeas. Sander contratou os mais experientes, e dentre eles, se destacaram Arnold Forget e Micholitz.

Com uma grande equipe, começou a dominar o mercado, criando rivalidades entre os seus próprios coletores, fomentando as disputas entre eles.

Suas maiores batalhas, eram travadas com Hugh Low, que tinha como coletor-chefe, William Boxal, e, com a firma belga, de Linden, da qual, F. Claes e Bungeroth, eram os primeiros coletores. Sander incentivava sua equipe, enaltecendo sempre os seus feitos, e colocando-os a par, dos movimentos de seus concorrentes.

Demonstrando a rivalidade entre as grandes Casas, quero registrar um fato, que, já deve ser do conhecimento de alguns, mas que é válido relembrar. Certa vez Sander mostrou-se muito aborrecido, com um estratagema usado por Low, e que considerou desleal. Escreveu para Arnold Forget: “ Até agora tenho sido capaz de suportar Low, pois ele é alguém para quem a luta tem valor ....mesmo quando se tem uma derrota ...., mas como o sujeito passou a se comportar tão estupidamente, devemos fazer todo o possível para ajustar as contas. Espero que, quando estiver lendo estas linhas, já esteja a caminho de Mérida, e consiga passar a frente de White (coletor de Low), deixando-o de mãos abanando”.

  Em outra carta, também enviada para Arnold, ele avisa que acaba de saber que um “demônio de nome Burkee, de Veitch, estava atras dele.

  Sander, realizou-se, quando em 1881, Reichenbach f., o homenageou, classificando uma Vanda, denominando-a de Vanda Sanderiana, descrevendo-a no “Gardeners’ Chronicle”. Ela foi coletada por Carl Roebelin, em Mindanau, nas Filipinas, em circunstancias muito dramáticas.

Arthur Swinson, registra no “The Orchid King”, que ao chegar a ilha, Roebelin, ouviu comentários sobre a existência de uma orquídea vermelha. No primeiro momento, pensou que se tratava do Phalaenopsis-vermelho. Depois de muito procurar, sem obter resultados positivos, conseguiu novas referências sobre uma orquídea do tamanho de um prato, nas margens de um lago, no interior da ilha. Roebelin teve a ajuda de um comerciante chinês, que serviu de interprete, e juntamente com um guia, subiu o rio, de canoa, indo em direção do tal lago. No meio do caminho, foi surpreendido por um forte furacão, que o fez naufragar. Foi salvo por nativos, que foram tolerantes com ele, na esperança de conseguir um aliado, na luta contra tribos inimigas. Logo depois do resgate, começaram as trombetas de guerra, das tribos rivais. Felizmente a vitória, coube a tribo que o recolheu, e que, atribuiu a ele a sorte que tiveram, recebendo assim, a distinção de se hospedar na casa do chefe, no topo de uma árvore. Roebelin, foi novamente surpreendido por outra catástrofe . Segundo narração de Frederick Boyle,: “Ele acordou com um rugido e um barulho infernal, como se fosse o fim do mundo - gritos, gemidos, ruídos de coisas caindo, o estouro de grandes ondas e com ribombar de trovões dominando tudo. Roebelin, via tudo ser destruído em sua volta, corpos voando pelos ares e se espatifando de encontro com a choça. Tinha acontecido o maior terremoto, jamais visto nas Filipinas. Quando os tremores cessaram e amanheceu o dia, Roebelin permaneceu deitado no chão da cabana, com o corpo coberto de destroços.

Parecendo até um conto de fadas,” viu através de um buraco no assoalho da cabana, uma profusão de flores das mais variadas cores, lilás, roxo, azul, ouro e marrom”. Estava descoberta, a orquídea, que mais tarde, veio a se chamar de Vanda Sanderiana .

Roebelin, depois de muito viajar, conseguiu encontrar o Phalaenopsis vermelho, mas, mais uma vez sofreu um sério contratempo. Escreveu para Sander: “Uma desgraça se abateu sobre mim - foram destruídas em poucos minutos todas as plantas que eu tinha . Toda a carga. Em um terrível furacão... tudo foi varrido para o oeste..., somente no terceiro dia, foi possível encontrar as plantas, elas estavam todas amassadas, no chão, cobertas de lama e água salgada. Mesmo lavadas com água doce, nenhuma das 21.000 mudas sobreviveram. As outras espécies foram perdidas também, tudo o que eu possuía” . Roebelin, voltou então, para coletar novas plantas.

Fosterman, também coletor de Sander, passou em Assam, procurando o Cypripedium spicerianum, uma orquídea desconhecida, que havia florido em Wimbledon, na casa de uma senhora. Atravessou grandes florestas, rios e montanhas, não conseguindo realizar o seu intento. Estava a ponto de desistir, quando viu uma quantidade de orquídeas, florescendo em cima de pedras lisas. Conta-se que ele foi obrigado a matar um tigre, que estava atacando a aldeia dos seus carregadores, butani, para que esses, concordassem em transportar as orquídeas coletadas até Bramaputra, e de lá, seguindo para o porto de embarque. O esforço de seu coletor, foi compensado, pois Sander conseguiu vender em um dia, cerca de 40.000 mudas de Cypripedium spicerianum, num leilão, realizado na sala de J.C. Steven.

Micholitz, depois de muitas pesquisas, conseguiu redescobrir o Dendrobium phalaenopsis schroederianum, considerado “perdido”. Foi surpreendido por uma desgraça, pois, quase toda a sua carga foi queimada, quando o navio em que estava carregada, pegou fogo, no porto de Macassar em Celebes.

Micholitz telegrafou à Sander relatando o ocorrido, e segundo Swinson, nos seguintes termos - “Navio queimado. Que fazer? Micholitz.” a resposta de Sander veio categórica, “Volte a coletar”, Micholitz replicou: “Tarde de mais. Estação chuvosa”. Sander respondeu “VOLTE ”. Os Dendrobiuns, foram colocados em leilão, no dia 16 de outubro de 1891.

Sander, em 1882, mandou um dos seus coletores, Mr. Mau, para Colômbia, a fim de, procurar novas variedades do Odontoglossum crispum. Das outras orquídeas que encontrasse, só devia enviar poucas mudas. Mr Mau, foi direto para a cidade de Pacho, que estava situada a quase 2.000 m. de altitude do n.m.,que era o centro de atividade dos coletores de Odontoglossum. Em virtude da grande procura dessa orquídea, os exemplares que apareciam, eram negociados por preços muito elevados. Diante disso seguiu viagem para outras localidades menos exploradas, onde encontrou uma Cattleya, com folhas e bulbos, muito maiores que as de Warscewicz, e mostrando ainda restos de inflorescências. Cumprindo as ordens recebidas, só embarcou alguns exemplares da gigantesca orquídea encontrada.

Sander, ao receber as mudas, na Inglaterra, fez um exame das plantas e provisoriamente a denominou, de “Gigas”, até que, os botânicos, pudessem fazer sua identificação, pois esse fora o nome que Linden dera a planta enviada por José Triana. Não foi possível, fazer-se a comparação dos resultados das analises, pois além de Linden estar na Colômbia, era um concorrente, com quem não tinha condições de dialogar. Sander, a classificou como variedade “Sanderiana”.

Nessa pesquisa sobre a História das Orquídeas, encontramos alguns nomes de coletores, que mesmo não tendo conseguido o registro dos seus feitos, não podemos deixar de menciona-los: Arthur Corner (Ásia-tropical), Astecker, A. Ghiesrreght (México 1857/58), Bidwill, B. Roezl (Colômbia-1872), Bilech, Crosse (Amazonas-Peru-Ecuador), Colley, Curtis (Bornéo), Coradine, Carter (Colômbia) Cooper (Ilhas Filipinas), Cumin (Ilhas Filipinas-Sumatra), C.A. Braam (Colômbia 1864-1865), C.Patin (Antióquia-1873 -Brasil), .Clemen C. Parish(Rev.) (Birmânia-Índia), Carder (Ásia-tropical), Dálbertis (Bornéo-Nova Guiné), Davis (Birmânia), Deppe (México), Du Mortier, De Maerschalk (Nova Guiné-1876-1877), Derome, Dusen(1902-1913), Descourtilz, Endres, Ed. Beccari (Bornéo-Nova Guiné- Sumatra), cel. Emeric Berkeley (Brasil), Rev. Ellis (Madagascar), Baron F.Von Mueller (Australia), Freeman, Fortune, Focke (Suriname), Goldie (Austrália- Nova Guiné), Georges Barker (Bornéo-Nova Guiné-Sumatra), Gustave Mann (África-ocidental), Hutton, Hadwen (Brasil), cel. Hall (América-tropical), H.Rogers (Dr.) (Bornéo-Nova Guiné-Sumatra), H. Wagener (Colômbia-1854) Hartweg (1839-1857), Hassearl (Java), J.M.Hildebrandt (Madagascar), Jamieson (Peru), J.H.Lance (Bornéo-Nova Guiné-Sumatra), Jurgensen (Bornéo-Nova Guiné-Sumatra), J.Roth (Peru-Amazonas-1873), John Russel, Klaboch (irmãos), Karsten (Colômbia), Korthals (Colômbia), Baron Karwinski (México) Koelhals, Lehmann (América Central- Nova Granada-Equador), Lindmann (1892-1894), L. Schilim (Colômbia - 1848-1853), L.A. Picard (Brasil-meridional), Leon Humblot (Madagascar), M.Barthélem, Mottley, Maximovicz (Japão - Mandichúria), Rev. Macfarlane (Nova Guiné), Moritiz (faleceu em Tovar, na Venezuela), Maries (Formosa), Marius Porte (Brasil-Filipinas 1856-1861), Manrique (México-1879-1881), Notzli (Equador -1875 - Peru-1890 - Brasil - 1835-1837),Orro (Venezuela), Oersted, Pfau (Bornéo - Nova Guiné), Pearce (Índia), Pancher (Nova Caledônia -1876-1877), Richard Payer (Orinoco-1881), Ross (México), Régnier (Índia), Regnel, Stanger (Bornéo-Nova Guiné-Sumatra), Shuttleworth (Ásia-tropical), Schiede (México), Scomburgk (Guianas), Simons, Shepherd, Spruce (Amazonas-Peru-Equador), Sallerin, Teysman (Nova Guiné), Thwaites (Ceilão), cap.Vipan (Birmânia), Welwitsch (Angola), Warming (Brasil 1836-1866), Wailes, White (África-tropial- America do Sul), Wil. Wallace (Bornéo- Ilhas Filipinas), Wittig (Brasil), Wendland (Índias-ocidentais), Yates (Amazonas-Peru-Ecuador), Zahn Purdie (representando Kew).

Voltemos novamente, para os registros literários, que reforçaram o lugar de importância ocupado pelas belas orquídeas, e que nos deram ensinamentos didáticos, para hoje podermos saber o que aconteceu nos séculos passados.

Em 1867, realizou-se em Paris, o Congresso Botânico Internacional, onde foi debatido a classificação dos gêneros, espécies, variedades, e híbridos naturais (entre espécies). Foi criado um comitê encarregado de fotografar as orquídeas, formando-se assim um arquivo de consulta.

  J. Barla em 1868 escreveu a “Iconographie des Orchidées de la Flore de Nice e des Alpes Maritimes”.

K.Th. Hartwes, representando a R.H.S., publicou um livro sobre seus estudos entre 1839/1857 “Plantae Hartwegianae”, de Bentham.

Charles Lemaire - escreveu vários artigos para diversas publicações, como: “Flore de Serres”, “Jardin fleuriste”- Gand 1851-1854, e com E. André, de 1854-1893 no “L’ Illustration Horticole”.

H.S. Miner - “Orchids, the royal family of plants” (preço de venda 100 francos).

J.E. Planchon - “Hortus Donatensis” - catálogo de plantas cultivadas nas estufas de S.E.le prince A. de Demidoff à San Donato - Florence -1858 - escreveu também algumas descrições no “Flore des Serres” - Gand- Bélgica.

F.A.G. Miquel “Choix de plantes rares ou nouvelles cultivées au Jardin le Buitenzorg” -Java - 1867.

H. Leitgeb - “Uber die Luftwurzeln der Orchideen”- registrado na Academia de Viena - 1864.

J. Meyen - “Luxemburg Orchideen”- 1864.

P. Vantieghem -registrou, em 1871, nas memórias do Instituto de França, vol. 21 “Recherches sur la Structures du Pistil”.

Edward S. Rand, 1876, escreveu “Orchids grown at Glen Ridge, near Boston, Massachusetts”.

E. Boissier - em 1884, publicou um artigo sobre a “Flora orientalis” .

Com Heinrich Gustav Reichenbach fils., a orquidologia atingiu sua estrutura definitiva, deixando subsídios muito valiosos para seus sucessores. Publicou inúmeras obras sobre orquídeas, que hoje, retratam sua época. Na obra de seu pai, H.G.L.Reichenbach,,“Icones Florae Germanicae et Helveticae”, editada em 22 volumes -, fez vários registros sobre orquídeas de toda Europa e da Algéria em-1851 (1847-1852?) . “Orchidographische Beiträge, Linneae”(5 partes) - 1846-1847-1849-1854-1857 - “Orchideae per annos 1846-1855” - descritas em, “Walper’s Annales Botanices systematicae” - 1848-1864(1860?) - “Die Orchideen der deutschen Flora, Des übrigen Europa, Russlands und Algiers”- 1851 - “Icones Florae germanicae et helveticae”, vol XIII et XIV, Orchideae - 1851 - “ De pollinis Orchidearum genesi ac structura et de Orchideis in artem ac systema redigndis”- 1852 - “Garten Orchideen in Bot. Zeitung”- 1852-1857 - “Beiträge zur Orchideenkunde Central Amerikas”- 1866 (1869?)-no “New Garden Orchids”, e no “Gardeners’ Chronicle”- 1869-1888 - “Beiträge zur Orchideenkunde", N.A.Ac. Leop. Car. XXXV” -1870 (1876?) – “Otia Botanica Hamburgensia”- 1871-1881 - “Beiträge zursystematischen PAanzenkunde” - 1871 “Enumeration of the Orchids collected by rev. C. Parish in the neighbourhood of Moulmein”- 1874(1873?) - “Xenia Orchidacea”- Leipzig 1858-1883 -(terminada por Kraenzlin) - em conjunto com W. Saunders - “Refugium Botanicum” 1869-1878 vol. 1-1882 vol 2.
Escreveu também, numerosos artigos em revistas e jornais: “Linneae”-Berlim, “Flora”-Ratisbonne, “Botanische Zeitung”- Leipzig, “Nederlandsche Kruidkundig Archiel”, “ Gardeners’ Chronicle”, “L’Illustration Horticole”, “Pescatorea”, “Lindenia”, “Reichenbachia”, “Bonplandia”, “Hamburger Gartenzeitung” e muitos outros.

É de se notar, que o entusiasmo transmitido por esses dedicados divulgadores, permitiram que uma nova sociedade, não só de botânicos, conhecesse melhor as orquídeas. Assim, as grandes obras, sobre essa nobre flor, continuaram a ser editadas em diversos paises:

Na Alemanha -

Theodor Irmirsch - “Beiträge zur Biológie und Morphologie der Orchideen”- 1853.

J.G. Beer - “Beiträge zur Biologie und Morphologie der Familie der Orchideen”- um estudo especial sobre frutos e sementes, com 12 pranchas coloridas. - Viena - 1863.

C.Oudemans - “Uber die Luftwurzeln der Orchideen”- 1861.

H.Leitgeb - “Mémoires de L’Acadêmie de Vienne” Viena - 1864.

Th. Wolf - “Beiträge zur Entwicklungsgeschichte der Orchideenblüthe”, artigos no “Pringheim’s.Jahrb”-IV-1866.

Möbius - “Anatomie der Orchideen”- e crônicas no “Pringheim’s Jahrb”. XVIII - 1877-1887

A.W. Eichler - “Blutendiagramme”, I- 1875.

M. E. Pfitzer - Professor da Université de Heidelberg - “Beobachtungen über Bau und Entwickelung der Orchideen” - 1877-1887 “Grundzüge einer vergleichenden Morphologie der Orchideen” - 1882 - “Morphologische Studiun über die Orchideenblüme”- 1886 - “Entwurf einer natürlichen Anordung der Orchideen”- 1887 - “Untersuchungen über Bau und Entwickelung der Orchideenblüte”- 1888 - “Orchidaceae deas l’ouvrage” - “Die natürliche Pflanzen-familien” “Die Orchideen” - em “A. Engler und K. Prantl”. - Leipzig - 1888.

Na França -

Prillieux -“ Sur la déhiscence du fruit des Orchidées” - 1859 . Em colaboração com Rivière, publicou diversos artigos sobre germinação das sementes de orquídeas, no “Annales des Sciences naturelles de Paris”, bem como, no “Bulletin de la Société botanique de France” .

Rivière e Prillieux- “Observations sur la germination d’une Orchidée.” -1856.

A. Grisebach - “Flora of the Bristish West Indian Islands” (Orchidées des Antilles anglaises) - 1864 (1863?). Em 1879 publicou “Symbolae ad floram Argentinam”.

M.R. Gerard - “Sur l’homologie et le diagrame des Orchidées” “Ann.sc.Nat”.VIII-1878- “La fleur et le diagramme des Orchidées” - 1879.

Vesque - “Traité de Botanique agricole et industrielle”- In.-8o, Paris-1885 - “De l’Anatomie des tissus appliquée à la classification des Plants novelles”, registrado no “Archives du Muséum de Paris”-2e série, T.IV.P.I et deuxiéme mémorie, p.291 - Paris - 1881 - “L’Espèce végétable considérée au point de vue de l’anatomie comparée” nos “Annales des Sciences naturelles, Botanique”6me. Série T. XIII- “Sur le causes et les limites de la variation de structure des végétaux” nos “Annales agronomiques”, T.IX - “Epharmosis sive materiae ad instruendam anatomiam systematis naturalis”- Paris 1889-1893. Nas suas primeiras obras, Vesque, expõe os caracteres gerais das orquídeas, aprofundando-se em estudos sobre os gêneros Orchis e Vanilla.

Nas Índias Néerlandaises -

M Treub - “Embryogénie de quelques Orchidées”- Amsterdam - 1879.

Na Inglaterra -

Darwin - “Fertilisation of Orchids”-1862 (foi traduzido para o Frances por Rérolle -Paris 1870).

G. Bentham - “Notes on Orchideae”- Journ. Linn. Soc. XVIII - 1881 ; em conjunto com J. D. Hooker, escreveu um artigo sobre orquídeas, no “Genera Plantarum” em 1883, na “Flora australiensis”, escreveu sobre as orquídeas da Australia “Orchideae of Australia” - 1863 - 1878.

Robert. A. Rolfe - de 1886 até 1893, escreveu artigos, sobre o título “List of Garden Orchids” no “Gardeners’ Chronicle”. Em 1887 escreveu “Bigenerie Orchid Hybrids”, no “Jornal Soc. Linn.” vol. 24. Em 1890, também no “Jornal Soc. Linn.”, vol. 27, publicou um artigo sobre o título, “Ön The Sexual Forms of Catasetum” . De 1891 a 1894, no “Kew Bulletin” - I-VII “New Garden Orchids Decades”. Em 1888 publicou a “Morphological and Systematic Rewiew of the Apostasieae”.

Na Bélgica -

Charles Morren - Fez várias publicações nos “Annales de la Société Royale d’Agriculture et de Botanique de Gand”- 1845-1849, e nos primeiros anos da “ La Belgique Horticole”- 1851.

É douard Morren - Fez várias descrições na “La Belgique Horticole”.

 É d. André- Fez algumas viagens pela Colômbia e Equador, escrevendo vários artigos, que foram publicados nas revistas- “L’Ilustration Horticole”e na “Revue Horticole”.

Foi a partir do século XIX, graças às viagens dos botânicos e exploradores, que aumentou na Inglaterra, o número de orquídeas tropicais. Surgiram os grandes viveiros de orquídeas e famosos cultivadores.

Mencionamos alguns cultivadores, que deixaram, os seus nomes na história da orquidofília: Edward e Richard Ashworth, Beyrodt, Sir Geremiah Colman, Cookson, R. Hardy, Conde de Hemptine, Octave Doin, Jean Gratiot, S. Gatrix, Karthaus, Mr. Firmin Lambeau, Sir Trevor Lawrence, Barão Rotchschild, Consul Shiller, Mr. Vuvlstene, E. Warner, Paul Wolter, M. Lineau (Jersey City), John Cadness (Long Island), S.B. Dodd (Hoboken), John Patterson (Newark), Robert Buist e Caleb Cope (Philadelphia), George Such (South Amboy), Mr. Mitchell (Tarry Town), General Joseph Howlan (Tioronda), Matteawan, Louis Menand, Erastus Corning, General John F Ratbone (Albany) e muitos outros.

O cultivo de orquídeas, também estava muito divulgado pela nobreza oriental, dentre os mais importantes, destacavam-se: Principe Fushiml, Visconde Soma, Visconde Ijuiu, Conde Hayashi, Principe Shimazu, Principe Kuni, Barão de Iwasaki, Barão Mitsui, Mr. Ro, Mr. Kaga, Korean Prince Rhee.

A cultura das orquídeas, foi objeto de trabalhos dos especialistas, sendo publicado 5 grandes obras, onde foram registradas as suas descobertas práticas.

M.Henshall - “Practical treatise of the cultivation of Orchidaceous plants” - Londres - 1845 (traduzido para o alemão).

Lyon - “Practical treatise on the management of Orchidaceous Plants”- 1845.

F. Josst - “Beschreibung und Kultur tropische Orchideen” - 1851.

J. G. Beer, alem dos seus trabalhos sobre os frutos e as sementes das orquídeas, publicou também um estudo sobre o seu cultivo “ Practische Studiun an der Familie der Orchideen”- Vienne - 1854 (1853?).

M. Morel - “Traité pratique de la culture des Orchidées” - Paris - 1854.




A HISTÓRIA DAS ORQUÍDEAS - final
João Paulo de Souza Fontes


Esses tratados, sobre a prática de cultivo, que mais tarde tornaram-se ultrapassados, marcaram uma história na sua época. Depois de 20 anos, a cultura das orquídeas, sofreu um aperfeiçoamento, e as publicações horticulturais registravam as evoluções e progressos realizados. Devemos relacionar algumas como, o “Botanical Magazine”- a “Revue Horticole”, de Paris, a “ Revue horticulture belge et étrangère”, de Gand, a “L’Illustration Horticole”, de Bruxelas, a “Garten-flora”, publicada na Alemanha por Wittmack, a “L’Ilustrirte Garten Zeitung”de Viena, o “Gardeners’ Chronicle”, e muitos outros jornais de horticultura da Inglaterra, da França, da Bélgica, da Alemanha, e da América.

A essa lista, devemos acrescentar as seguintes publicações, que na ocasião, também se destacaram - “Flore des Serres” de Van Houtte, e a “Belgique Horticole”de Morren.

Depois, de toda parte do mundo, surgiram outros trabalhos sobre cultura de orquídeas, trazendo novos conhecimentos.

O primeiro desses trabalhos, foi o do Comte. François Du Buysson, publicado no “L’Orchidophile”- “Traité théorique e pratique sur la culture des Orchidées”- Paris -1878.

G.Delchevalerie - “Les Orchidées: culture, propagation, nomenclature”- Paris-1878.

F.Britten e W.H. Gower - “Orchids for amateurs” - London- 1878.

Émile Rodigas - Descreveu várias espécies na “L’ Illustration Horticole”e “Lindenia”.

Alfredo Cogniaux - Foi o conservador do Horto Botânico de Bruxelas, e recebeu o título de Doutor honoris-causa da Universidade de Heidelberg. Deixou algumas obras - foi co-autor de “Les Orchidées du Bresil” - na “ Flora Brasiliensis”- Martius 1893-1913, descrição publicada no “Journal des Orchidées” e na “Lindenia”. “Les Orchidées Exotique e leur culture en Europe”- “Dictionaire Iconographique des Orchidées”.

F.W.Burbidge - fez estudos sobre climas e temperaturas das regiões onde as orquídeas eram coletadas. Em 1874, encontramos duas publicações “Temperate Orchids”e “Cool Orchids and How to Grow Them”.

E. Regel - Publicou várias descrições no “Garten-flora”e na “Acta horti Petropolani”.

Le Marchan Moore - escreveu um capítulo sobre orquídeas, na “Flora Mauritius and the Seychelles” - 1877.

D. Bois - publicou alguns artigos no “Les Orchidées”- Paris -1893.

P.E. de Puydt - “Les Orchidées, histoire iconographique”. - Paris - 1880.

T. Appleby - “Orchid Manual”2e édit. - 1865.

Benj. Sam. Williams - “The Orchids Grower’s Manual” - 1874-1875 (há anotações de que esta obra foi publicada em 1885, na dúvida registro as duas datas) (temos também registros de que esta publicação foi feita em 7 edições, de 1852 a 1894) - mencionado no livro - “A History of the Orchid”.

M. James O’Brien - Publicou várias descrições no “Gardeners’ Chronicle”, do qual, era grande colaborador, e em vários outros jornais. Fez o seguinte registro “Orchids, being the Report on the Orchid Conference held at south Kensington om May 12 th and 13 th -1885” - 1886.

Duchartre - publicou diversos artigos no “Journal de la Société d’horticulture de France”, no “Bulletin de la Société Botanique de France”e nos “Annales des Sciences naturelles”.

W.B. Hemsley - editou um trabalho de biologia sobre a América Central, “Biologia centrali-americana” (as orquídeas estão mencionadas no vol. 3) 1883-1884. Publicou no “Gardeners’ Chronicle”, de 1881 a 1885 “List of Garden Orchids” .

F. Desbois - “Monographie des generes Cypripedium, Selenipedium et Uropedium”- Gand-1888

Lewis Castle - “Orchids structure, history and culture” -London - 1886 (traduzido para o francês). “Catalogue des Orchidées cultivées das les collections européennes”, publicado pelo Club Orchidophile Néerlandais - 1888 - complementado em 1889-1890-1891 e 1892.

A. Pucci - fez um livro sobre “Les Cypripedium et generes affines”- 1891.

Temos também as excelentes monografias publicadas pela Casa Veitch de Chelsea - “A Manual of Orchidaceous plants cultivated under glass” 1887 - 1893.

Stein - “Orchideenbuch: Beschreibung, Abbildung und Kulturanweisong” - Berlim - 1892 (com 184 figuras) .

Henry Correvon - “Les plantes des Alpes”-1885 “Les Orchidées rustiques”- Genève-Paris. Em 1899, editou o “Album des Orchidées de Europe centrale et septentrionale”.

H.S. Milner - “Illustrations of the Royal Family of Plants”- New York - 1885.

A grande preocupação dos cultivadores, era com respeito a cultura das orquídeas, assim, algumas publicações especializadas, divulgavam novas informações sobre o cultivo das orquídeas. Na Bélgica, tínhamos o “Journal des Orchidées”, de M. Linden, na França o famoso “l’Orchidophile” de M. Godefroy-Leboeuf . Esses jornais eram impressos luxuosamente, com acabamento em chromolitografia.

Tivemos outras importantes e também riquíssimas obras, sobre a família orquidácea, como, “La Pescatorea”, publicada em 1860 por Linden, Planchon, Luddemann e Reichenbach., a “Lindenia”, que começou em 1884, sendo impressa durante muitos anos sem interrupção, a “Reichenbachia”, que a partir de 1885, passou a ser editada pela casa de Sander, de S’Albans, o “The Orchid Album”, publicado a partir de 1882 pela casa de Williams, de Londres, juntamente com Robert Warner.

W. Griffiths -Realizou explorações na Índia-oriental, e publicou em 1851, “Icones plantarum asiaticarum”, temos registro, de que, ainda nesse ano publicou “Notulae ad Plantas Asiaticas”-vol 3

Outro grande estudioso foi Joseph Dalton Hooker, que, seguindo o exemplo de seu pai William Jackson Hooker, publicou vários artigos e editou algumas obras: na “New Zealand Flora”, em 1867 - “Orchideae of New Zealand” “Flora Tasmaniae”-1860 - na “Flora of British Índia”, vol 5 e7 -1890-1891(1889-1890?) “Orchideae of British India”- fez algumas descrições no “Icones Plantarum”, vol 21 “Indian Orchidaceae” - 1890-1892. Dirigiu o “Botanical Magazine” de 1864 a 1894. Em 1895, publicou no “Ann. Roy. Bot. Gard. Calcutta”, vol. 5 “A Century of Indian Orchids”.

W.H. De Vriese, dedicou grande parte de seus estudos, sobre as orquídeas da Índia, publicando o resultado dos seus trabalhos - “Ilustrations d’Orchidées des Indies orientales”- 1854-1855 (1853?)

Thomas Moore - fez algumas descrições no “The Orchid Album”de Williams & Warner, e também, em outras publicações. Sua principal obra foi “Ilustrations of Orchidaceous Plants”- 1837 (1857?) (com 100 pranchas coloridas - vendido ao preço de 110 marcos).

L.C. Blume - morou nas Índias Neerlandaises, onde dirigiu o famoso Jardim Botânico de Buitenzorg. Publicou alguns trabalhos, registrando suas explorações - “Bijdragen tot de Flora van Nederlandsch Indie”- 1825, “Tabellen en platen voor de Javaansche Orchidéen “- 1825, “Orchideae Archipelagi Indici”- 1858, “Rumphia”-vol 4 - 1848 - fez registros no “Museum Botanicum Lugduno-Batavae”- 1849-1851, “Orchideae, Flora Javae”,no vol 1 da “Flora Javanica” - 1858.

Fairfield - editou suas pesquisas sobre o cultivo de orquídeas, na “ Introduction to the History, Structure and Cultivation of Orchidaceous Plants”- 1874.

R. D. Fitzgerald - “Australian Orchids”-1875-1884 (outros autores divergem dessa data -1876-1888).

João Barbosa Rodrigues - foi diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e deixou, no decorrer de suas atividades, algumas obras de grande valor, “Genera et Species Orchidearum novarum”1877- 1882 (1a e 2a edição) - “Structure des Orchidées”- 1883 - na “Vellosia” vol. 1 - 1891 - orientado por A. Cogniaux, participou da “Flora Brasilienses” de von. Martius”.

S. Jennings - fez estudos sobre as condições climáticas da Índia - “Orchids and how to grow them in India and other tropical climates”- 1875.

Harry Bolus - registrou também várias obras, que marcaram sua passagem, pela orquidologia: “The Orchids of the Cape Peninsula”, com 36 pl. - 1888 - “Icones Orchidearum Austro-Africanarum extra-tropicarum”,vol. I - 1893 - publicou “notes on some Cape Orchids” no - “Journal la Société Linn.” de Londres. XIX - 1882 - fez contribuições sobre as orquídeas da África do sul “Orchids of South Africa”no vol 20, 22 e 25 do “Journ.Soc. Linn”. - 1884, 1885 e 1888 (1889?) . Publicou “Icones Orchidearum-africanarum extra-tropicarum” vol. 1- 1893-1896, vol. 2- 1911 e vol. 3 em 1913 .

Henry N. Ridley, diretor do Jardim Botânico de Singapura. foi outro grande participante nos estudos sobre as orquídeas, deixando vários registros: “The Orchids of Madagascar”- 1885 - “On D. Fox’s collection of Orchids from Madagascar”- 1886 - “The genus Liparis” - 1886 “A review of the Genera Microstylis and Malaxis” - 1887 . Fez vários artigos sobre fertilização das orquídeas. Publicou, em 1891, no “Journ.Soc. Linn”. vol. 28 - “The Genus Bromheadia and two new Genera of Orchids from The East Indies”.

Robert Warner - grande estudioso das orquidáceas fez pesquisas na Colômbia e Venezuela, efetuando o seguinte registro- “Select Orchidaceus Plants”- 1862-1884- vol-1-2-3 (1875-1881 ?) A partir de 1882 publicou o “The Orchid Albun”, de parceria com B.S. Williams.

Eug. Warming - “Symbolae ad Floram Brasiliae australis cognoscendam”- Copenhague - 1883-1884.

H. Baldwin - publicou nos Estados Unidos em belo trabalho - “The Orchids of New England” - New York - 1884

Estácio da Veiga, célebre botânico português, durante muito tempo, estudou as orquídeas de Portugal, registrando os resultados, em seu livro “Orchideas de Portugal”- 1886

A.D. Webster - “British Orchids”- 1887 (1886?)

Max Schulze - consagrou-se no meio botânico, com o seu livro “Die Orchidaceen Deutschlands. Osterreiche und der Schweiz”- 1892-1893

M. Godefroy e Leboeuf - Fizeram explorações pela África-ocidental e editaram, a partir de 1881, o jornal dos amadores de orquídeas - “L ’Orchidofile”, - com M. N E.Brown - “Les Cypripedilées”- 1889 -

Fritz Kränzlin (também mencionado Kraenzlin), em 1892 (1893?) publicou a seguinte monografia - “Beiträge zur einer Monographie der Gattung Habenaria” no “Botanisches .Jahrbuch” Engler - vol. 16. Terminou o vol. 3 da “Xenia Orchidacea”de Reichenbach. publicou artigos com descrições de orquídeas, no “Gardeners’ Chronicle”, e no “Botanisches Jahrbuch”, de Engler, em 1893, no vol. 17 e de 1895 a 1914 nos vols 22-51, escreveu as “Orchidaceae Africanae”.

Ernest Bergman - editou a brochura “Les Orchidées de semis”- 1893.

Miss Florence H. Woolward e a Marquess of Lothian descreveram em Londres o gênero Masdevallia, registrando em “The Genus Masdevallia”- 1890-1893. (1891-1893?).

Watson & W Bean, depois de muito observarem o meio ambiente das orquídeas tropicais, fizeram um livro dando recomendações especiais de como trata-las - “Orchis Their Culture and Management”, com descrições sobre o cultivo geral. - 1893.

Em 1894 -

Frederick Boile - “About Orchids A Chat”.

H.A. Burberry - The Amateur Orchid Grower’s Guide Book.

M. Schulze “Die Orchidaceen, Deutsch-Osterreichs und der Schweiz”.

B. Grant “The Orchis of Burma”- 1895.

O Comte. O de Kerchove de Dentrchen, presidente da Société Royale D’Agriculture et de .Botanique, de Gand, publicou em 1894, o livro “Le Livre des Orchidées”, ilustrado com 310 gravuras e 31 pranchas, em chromolitografia.

Uma das publicações mais populares daquela época foi a - “The Orchid Grover’s Manual”, de autoria de B.S. Williams - 1894. Tivemos também, o periódico, que registrava os principais assuntos sobre orquídeas “ Gardeners’ Chronicle”

Em Janeiro de 1893, começou a circular uma revista, mensal, de autoria de R.A. Rolfe, contendo diversos assuntos sobre orquídeas, inclusive sobre hibridação. Rolfe, foi o percursor da famosa “Sander List of Orchids Hybrids - The Orchid stud Book”, tendo como colaborador C.C. Hurts. Nela, registrava artigos sobre novas e raras espécies, bem como, a listagem das premiações concedidas pela Royal Horticultural Society (RHS), durante o ano de 1892, mencionando também, um grande relatório sobre as 12 estufas, em Burford-Inglaterra, pertencentes a Sir Trevor Lawrence, presidente da R.H.S.

  Há anotações, de que, no final do século XIX, sir. Trevor, num encontro promovido pela principal sociedade orquidófila da ocasião, a RHS, expôs um vaso de Sophronitis grandiflora, com uma única planta, com 35 cm de diâmetro, exibindo mais de 40 flores, recebendo o prêmio da Medalha de Prata de Banhasian”.

Sem dúvida, uma grande influência para o mundo da orquidofilia, foi marcada pela Horticulture Society, que depois se transformou em 1861, na atual, Royal Horticultural Society. Em 1889 foi criado o Orchid Commitee, que era encarregado de indicar ao Conselho da R.H.S., as plantas que eram merecedoras de receber distinções.

Dois livros, de grande importância para as orquídeas, foram lançados em 1906. O primeiro foi “Hortus Veitchii”, de James Veitch & Sons, fazendo um retrospecto das atividades da firma. O outro foi a nova edição de “Sander’s List of Orchids Hybrids” de F. W. Burbidge, que tornou-se um dos principais coletores de Sander, tendo editado outro livro destinado aos cultivadores, “Sander’s Orchid Guide”, publicado pela primeira vez em 1901, tendo a sua ultima edição ocorrido em 1925.

O grande incentivo, que ajudava a despertar o interesse dos botânicos, coletores e cultivadores, é que, os grandes estabelecimentos comercias de floricultura, bem como alguns colecionadores particulares, movimentavam verdadeiras fortunas não só para conseguirem as orquídeas, como também, no seu cultivo, construindo estufas suntuosas.

A chegada dos coletores, era esperada ansiosamente, e quando isso acontecia, realizavam-se os leilões, que naquela época eram verdadeiros acontecimentos, reunindo as pessoas mais ilustres, do reino da botânica, colecionadores e comerciantes de toda Europa.

Por volta de 1890, um dos salões mais afamados era o de J.C. Steven, em Londres. Mais tarde surgiu o de Protheroe & Morris, que se aproveitaram de um desentendimento entre Sander e Steven, para entrarem no mercado.

Durante o período áureo dos coletores, os leilões eram exclusivamente de espécies. Com o declínio das explorações, devido a 1a Grande Guerra, em 1914, houve uma mudança de conceitos, e a oferta passou a ser de plantas híbridas.

  As instalações de Protheroe, foram destruídas na II Guerra Mundial, mas a firma, sobreviveu. Mudaram no entanto, a esquemática de comercialização. Protheroe, Reynolds e Easton, passaram a realizar suas vendas, nos estabelecimentos dos próprios cultivadores.

Com a transformação que ocorreu no Mundo, e com o falecimento de muitos colecionadores, diversas coleções de espécies, foram desaparecendo. Com a dificuldade de substitui-las, foram perdendo o seu interesse comercial, dando lugar aos híbridos, que além de serem a novidade do momento, apresentavam flores mais vistosas, e com coloridos mais variados. Inicialmente os preços eram também elevados, mas com a perda do poder aquisitivo dos grandes compradores, os preços foram obrigados a baixar, pois, diversas firmas atravessaram dificuldades, e muitas foram obrigadas a fechar.

Continuando as pesquisas sobre coletores e exploradores, não posso deixar de fazer menção, a um excelente trabalho de Harry Blossfeld, publicado na Revista Orquídea no número de março/abril de 1965, do nosso saudoso Luys de Mendonça.

Blossfeld, faz menção a diversos exploradores, que estavam procurando a Cattleya labiata, que havia sido descoberta em 1818 por William Swainson, naturalista inglês, e que floriu no Jardim Botânico de Kew, em Londres em 1821, quando foi classificada por John Lindley .

A Cattleya labiata, foi exposta na Société Linnéenne”, e considerada pelos orquidófilos, como a mais bela orquídea conhecida. Sabiam, que era originária do Brasil, mas a sua localização era totalmente desconhecida. Os coletores, para valorizarem os seus feitos, procuravam despistar os seus concorrentes, informando erradamente, os locais de suas descobertas. Como há registros de que a C. labiata, foi embarcada do porto do Rio de Janeiro, as primeiras pesquisas foram feitas nessa região, tanto que muitos a confundiram com a C. Warneri, que é encontrada nos Estados de M. Gerais, E. Santo e sul da Bahia.

1821 - Dr. G. Gardner - Médico e naturalista inglês -Aportou no Rio de Janeiro, e encontrou nos rochedos da Pedra da Gávea, uma orquídea, que em princípio, julgou ser a C. labiata, mas na realidade era a Laelia lobata.

1823 - John Forbes - Naturalista inglês -Veio sobre orientação do Jardim Botânico de Kew, e percorreu os Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, descobrindo uma orquídea, que recebeu o seu nome, Cattleya Forbesii . Forbes, explorou também o Peru e o Equador.

1824 - David Douglas - Naturalista inglês - Foi enviado pela Sociedade Real de Botânica, percorreu a Serra do Mar, e coletou, os primeiros exemplares vivos do Oncidium pubes, que já fora descoberto pelo botânico Descourtilz.

1825 a 1842- Mr. Harrison - Comerciante inglês - Coletou perto do Rio de Janeiro, onde morava, diversas plantas, enviando-as para Europa. Dentre elas, algumas orquídeas receberam o seu nome - Cattleya Harrisoniana, o Oncidium Harrisonianum e a Brifenaria Harrisonia.

1828 - John Bowie - Floricultor inglês - Foi enviado pelo Jardim Botânico de Kew, visitou o Rio de Janeiro, mas não temos informações sobre suas coletas. Ficou famoso, pelas suas descobertas na África.

1835 a 1837 - Jean Jules Linden - Grande naturalista belga, possuindo um grande estabelecimento de floricultura em Bruxelas. Veio acompanhado de Nicolas Funck, explorando os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e parte de Minas Gerais. A sua história, já foi abordada. Um dos seus grandes trabalhos, foi a famosa “Lindenia”, onde ele imortalizou inúmeras orquídeas.

1836 a 1841 - Dr. G. Gardner - Médico e naturalista inglês - Veio na sua segunda viagem, a mando do Conde de Bedford, descobrindo o Oncidium que levou o seu nome Oncidium Gardnerii,e a Laelia flava.

1839 a 1840 - Professor Guillaumin - Botânico francês - Veio acompanhado de seu empregado, o naturalista, Houlle. Sua viagem tinha por finalidade coletar plantas vivas. Descobriu nas matas do Corcovado, no Rio de Janeiro a Houlletia Brocklehurstiana, batizada em homenagem ao seu companheiro.

1840 - Franz Wilhelm Sieber - Naturalista austríaco - Foi enviado pelo Conde de Hoffmannsegg, coletando orquidáceas, no sul do Brasil.

1840 a 1841 - William Lobb - Floricultor inglês - Era coletor de John Veitch, veio a procura da Cattleya labiata . Desembarcou no Rio de Janeiro, mas não se sabe direito o local de suas explorações, só se tendo referências, até, a Serra dos Órgãos. Do Brasil, seguiu viagem para o Peru.

1842 a 1849 - Carlos Pinel - comerciante francês - Era filho de um grande cientista francês Felippe Pinel. Após o falecimento de seu pai, embarcou para o Brasil, chegando aqui em fins de abril de 1829. Explorou a Serra do Mar, indo parar na então Vila de Nova Friburgo, nas margens do “Rio Grande”, num vale onde formava uma linda cascata, denominada hoje, de Cascata do Pinel. Ali construiu uma cabana e depois uma bela vivenda, cercada das mais variadas orquídeas. Fez várias viagens para coletar orquídeas e exporta-las para França. Descobriu no Espirito Santo a Laelia pumila, a Miltonia cuneata e a Laelia grandis. Em sua homenagem foi nomeado o Oncidium Pinelianum, que hoje é considerado Oncidium Batemanianum, Knowl & West, a Cattleya Pinelii e a Maxillaria Pinelii. Em 1844, John Lindley, descreveu uma planta, que possivelmente fora enviada por Pinel, classificando-a com Cattleya Pinelii, essa planta já havia sido descrita por Hooker com o nome de Cattleya pumila. Em 1853, Reichenbach, reclassificou a planta descrita por Hooker e Lindley, para o gênero Laelia, em virtude da mesma possuir 8 políneas, mantendo o nome da espécie, pumila.

Carlos Pinel nasceu em 1802 e faleceu em 1871. Casou em 1835 em Nova Friburgo e teve 8 filhos, dentre esses, uma filha, de nome Joana, que fez várias pinturas de orquídeas

1843 - Clarke - Floricultor inglês - Veio representando um consórcio de amadores ingleses, percorrendo o trajeto do Dr. Gardner, em Minas Gerais e Rio de Janeiro. Sua missão, era localizar o habitat da Cattleya labiata, mas só conseguiu encontrar a Laelia pumila var. praestans e uma partida da Laelia lobata .

1844 - William Lobb - Floricultor inglês - Veio ao Brasil, na sua segunda viagem, depois de visitar o Chile e Peru. Tendo recomendação especial de John Veitch, para encontrar a Cattleya labiata, percorreu alguns pontos onde Swainson tinha feito coletas, não conseguindo, no entanto, êxito nas suas pesquisas.

1846 a 1861 - Joseph Libon - Naturalista francês - Residia no Rio de Janeiro, e fez várias coletas de plantas, como Bromeliáceas, Amaryllidáceas e Gesneriáceas, para o Dr. Glaziou, que era diretor do Museu Nacional. A pedido de firmas estrangeiras, coletou também diversas orquídeas. Quando estava a serviço da firma De Jonghe, de Bruxelas, localizou uma Laelia, que nominou-a de Laelia Jongheana. Veio a falecer numa de suas viagens pelo interior de Minas Gerais.

1847 a 1855 François De vos - Floricultor belga - Veio a serviço da Casa Verschaffelt, na Bélgica. Inicialmente percorreu a região sul, descobrindo a Laelia purpurata, sobre os rochedos da ilha de Santa Catarina, permanecendo nessa região por alguns anos. Estendeu suas pesquisas pelo Estado de Minas Gerais, e sobre orientação do Dr. André Regnell, descobriu a Miltonia Regnelii, nominada em sua homenagem. Realizou também, várias pesquisas em Java e Bornéo.

1857 - Theodoro Lietz - Floricultor alemão - Estabeleceu-se no Rio de Janeiro, e foi contratado por Glaziou e Frei Custódio Alves Serrão, que era naquela época diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Viajou pelos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espirito Santo, coletando muitas plantas novas. O que lhe deu uma grande projeção internacional, foi o seu cultivo de tinhorões.

1859 - Rossitter - Floricultor alemão - Ao chegar ao Brasil, radicou-se no Rio de Janeiro, onde coletou várias orquídeas, exportando-as para Europa. Foi o descobridor da primeira Sophronitis amarela, denominando-a de Sophronitis grandiflora var. Rossitteriana.

1864 - Gustav Wallis - Naturalista alemão - Já tendo estado no Brasil, voltou a procura da Cattleya labiata, percorrendo o rio Amazonas, desde sua foz, até as suas nascentes, seguindo o itinerário feito por Swainson. Continuou depois sua viagem até o Equador e Colômbia, onde ficou durante alguns anos, vindo a falecer no Equador.

1870 - Osmers - Naturalista alemão - Foi um famoso coletor da Casa Sanders, veio com a incumbência de encontrar a Cattleya labiata. Assim, viajou a pé, por todo litoral do Brasil, de Belém do Pará, até o Rio de Janeiro, levando 5 anos nesse percurso, não conseguindo encontrar o que tanto procurava. Acontece que, ao passar pelo nordeste, não acreditou que naquela região, com aquele clima, pudesse haver orquídeas, não dando grande empenho nas suas pesquisas.

1871 a 1872 - Bowman - Naturalista inglês - Percorreu o curso inferior do rio Amazonas, vindo depois para o litoral do Rio de Janeiro, onde coletou a Laelia lobata. Há anotações, de que, retornou ao Brasil em 1876.

1876 - William Boxall - Floricultor inglês - Coletou orquídeas, durante muitos anos, na Ásia, sendo contratado pela firma Stwart & Low, para vir ao Brasil e pesquisar a região do Espirito Santo, onde encontrou a L.Pumila var. Dayana.

1879 - Henry Blunt - Floricultor inglês - Graças as suas viagens pela Serra dos Órgãos, no Estado do Rio de Janeiro, descobriu a Cattleya Dormanniana e o Oncidium Marshallianum. Em sua homenagem, foi nominada a Miltonia Bluntii, produto de um híbrido natural entre a Miltonia spectabilis e a Miltonia Clowesii.

1880 - Bestwood - Floricultor inglês - Em virtude de, durante cerca de 60 anos de pesquisas pelo sul do Brasil, não tendo sido encontrada a tão afamada Cattleya labiata, resolveu centralizar as suas buscas, pela região amazônica. Assim a Casa Sanders, enviou um dos seus melhores coletores, que, no entanto, não logrou êxito no seu intento.

1885 a 1891 - Ernest Heinrich - Floricultor alemão - Entrou no Brasil como imigrante, conseguiu ser professor em Santa Catarina. Como já havia sido funcionário do serviço florestal alemão, foi aceito como empregado do Museu Nacional do Rio de Janeiro, onde passou a residir. Efetuou diversas coletas botânicas, e contratado pela Universidade de Berlim, viajou pelos Estados do nordeste, percorrendo a região amazônica, fazendo estudos sobre as plantas que produzem borracha. Fez várias remessas de plantas vivas e de sementes, para Europa.

1888 - Wilhelm Kalbreyer - Floricultor alemão - Era coletor de Veitch, viajou da África para o Brasil, na procura da Cattleya labiata. Inicialmente percorreu os Estados do Rio de Janeiro, indo depois para o Pará e Amazonas. Não conseguindo o seu objetivo, seguiu viagem para Colômbia, onde se radicou.

1889 - Karl Kramer - Floricultor alemão - Coletor antigo de Sander, e morando há vários anos em Manaus, recebeu ordens de fazer pesquisas na região amazônica, junto de seu novo companheiro, Erich Bungeroth.

1889 - Digance - Floricultor belga - Estava também a serviço da Casa Sanders, veio ao Brasil, para pesquisar orquídeas, pelas cercanias entre a Bahia e o Espirito Santo. Descobriu a Cattleya Diganceana, mais tarde, reconhecida como variedade da C. porphyroglossa, classificada hoje, como Cattleya granulosa . Foi mais uma vitima de seus trabalhos, pois veio a falecer numa de suas viagens.

1890 - Herbert H. Smith - Naturalista inglês - Ao chegar ao Brasil, empreendeu viagens pelo interior de Minas Gerais e Goiás, descobrindo a Cattleya O’Brieniana, híbrido natural entre a Cattleya Loddigesii e a Cattleya Walkeriana.

1889 - Erich Bungeroth - Floricultor alemão - Já tinha sido coletor de Linden, na Bélgica, e achava-se em Liverpool aos serviços de Cowan, quando lhe foi pedido, para vir coletar orquídeas na América do Sul. Aceitou a missão e junto com o veterano Kramer, viajou para Colômbia, que na época estava numa revolução, não conseguindo seguir para as florestas. Assim, teve que voltar, e ofereceu os seus préstimos a Casa Linden. Aceito por Linden, foi de viagem para a Venezuela, percorrendo as cataratas do rio Orinoco. Ficou famoso com a descoberta de algumas orquídeas que tiveram o seu nome, com o Catasetum Bungerothii, Coryantes Bungerothii, Notylia Bungerothii, Rodriguezia Bungerothii e Oncidium Bungerothii, pertencentes a Venezuela.

Em 1890, Bungeroth, estava viajando na Colômbia, tendo a intenção de seguir para o Peru, vindo pela rota marítima do Pará para depois seguir subindo o rio Amazonas.

  Por casualidade, alguns seringueiros que voltavam de Pernambuco, forneceram informações, de que, naquele Estado nordestino, havia orquídeas (parasitas) roxas.. Bungeroth, ficou entusiasmado e escreveu para seus patrões, a Cia. International de Horticultura, na Bélgica, sobre o fato, pedindo autorização de seguir viagem para Recife, ao invés de ir para o Peru. Assim, foi redescoberta a nossa Cattleya labiata. Depois desse desvio de rota, Bungeroth, voltou à Belém, seguindo para as cordilheiras dos Andes, onde descobriu a Cattleya Rex, fixando depois residência na Colômbia.

Analisando o trabalho dos cientistas, horticultores, botânicos, colecionadores, comerciantes, jardineiros, escritores e de muitos dirigentes, dos séculos passados, vemos a importância que eles davam às orquídeas, fazendo com que, elas fossem parte integrante de suas vidas. As pesquisas, os registros nos órgãos de imprensa, e livros, onde anotavam os seus feitos, nos permite hoje, ver os seus estudos e os esforços que fizeram para atingir os seus objetivos, nos deixando ensinamentos de vida, e de conhecimentos sobre orquídeas.

As viagens desses exploradores e coletores trouxeram para o Mundo da orquidofilia, as plantas que estavam escondidas nas matas, que eram quase intransponíveis, e que, se não fossem eles, não sei, se nos dias de hoje, teríamos desbravadores com a dedicação, motivação e o mesmo entusiasmo, que eles tiveram.

Possivelmente, muitas das espécies que hoje conhecemos, continuariam escondidas nas florestas, como muitas outras plantas, que também possuem sua beleza, mas que não despertaram o interesse do Velho Mundo.

Não poderia deixar de fazer, um destaque todo especial, a um dos pioneiros da orquidofilia brasileira, Pedro Maria Binot.

Em meados do século passado, Jean Baptiste Binot, perdera na França, sua filha. Desgostoso, escolheu o Brasil, para esquecer as suas tristezas, chegando ao Rio de Janeiro, em 1840, e fixando inicialmente, residência em Niterói. Mais tarde mudou-se para Petrópolis, onde passou a morar num lugar chamado, Retiro.

Dedicou-se a jardinagem e em 1870 fundou um estabelecimento comercial, de horticultura, denominado “Etablissements P.M.Binot”

Residindo em Petrópolis, tornou-se amigo pessoal do Imperador do Brasil, D.Pedro II, que, como prova de sua amizade, presenteou-o com 5 escravos. D. Pedro II, veio a ser o padrinho de seu filho, Pedro Maria Binot.

Desde a sua chegada ao Brasil, Jean Baptiste, teve um carinho particular pela flora brasileira, cuidando e organizando diversos jardins. Empenhava-se nessa tarefa, com tanto zelo e capricho, que D.Pedro II, o incumbiu de fazer os jardins do Palácio Imperial, hoje Museu Imperial de Petrópolis.

Enaltecendo ainda mais os seus méritos, foi distinguido em 1861, pelo comércio do Rio de Janeiro, com uma rica salva de prata, pelos serviços que prestara à cidade.

Em 1851, nasceu seu filho Pedro Maria Binot. O início dos seus estudos foi feito em Petrópolis, seguindo em 1870 para Bélgica, onde cursou durante 3 anos, a Escola de Horticultura de Gand, aprendendo os segredos da cultura das plantas, e em especial das orquídeas.

Aproveitou para fazer um bom relacionamento com os comerciantes de horticultura da Europa, o que muito o ajudou na sua vida profissional.

Ao retornar ao Brasil, começou a exportar para o exterior, principalmente para Bélgica e França, muitas plantas ornamentais, sementes de palmeiras e orquídeas, não só, vindas de todos os Estados do Brasil, como também importadas da Venezuela, Colômbia, América Central e das Índias.

Para atender encomendas, passava parte do seu tempo no Brasil, coordenando a coleta das plantas. Quando chegava a proximidade do inverno, ele embarcava para a Europa, onde as vendia.

Com o aumento dos seus negócios, e para facilitar a sua distribuição, adquiriu uma estufa em Bruxelas-Bélgica, onde estocava as plantas que levava, remetendo-as depois para Alemanha, França e Inglaterra, que eram os principais centros de comercialização.

Em contra partida, trazia para o Brasil, vários híbridos, abastecendo o mercado do Rio de Janeiro, com flores cortadas.

Pedro Maria Binot, foi o introdutor, no meio da orquidofilia, de várias espécies novas, muitas das quais, receberam o seu nome.

Veio a falecer aos 60 anos de idade, em 1911.

Pedro Maria Binot, era padrasto de Georges Henri Augustin Verboonen, que depois do falecimento de Binot, veio para o Brasil, em 1912, para trabalhar no estabelecimento “Binot”. Georges Verboonen, nasceu em Bruxelas, em 10/12/1876, vindo pela primeira vez ao Brasil, em 1881, quando ainda era criança. Retornou mais tarde à Bélgica, onde terminou seus estudos. Trabalhou em vários estabelecimentos de horticultura, na Alemanha, Itália e Inglaterra, onde permaneceu durante 8 anos, na firma Stwart & Low. Casou-se em 25/05/1910, na Inglaterra. Assumiu efetivamente a direção do Etabilissements P.M. Binot em 1921, mudando o seu nome em 1945, para Orquidário Binot Ltda., que perdura até hoje. Georges Henri Augustin Verboonen, faleceu em 23/10/1953, na cidade de Petrópolis.

O “Orquidário Binot”, continuou a ser dirigido por seus descendentes.

Falando-se em pioneirismo no Brasil, devemos mencionar que, no início do século XVI, Georg Marcgraw, famoso botânico alemão, veio ao Brasil, atendendo a um convite do Príncipe Maurício de Nassau, sendo o primeiro cientista a pesquisar a nossa flora, dedicando-se mais, aos estudos dos seus efeitos medicinais, publicando os resultados de seus trabalhos na “Historia Naturalis Brasiliae”, não fazendo nenhuma referência sobre orquídeas.

Em 1763, Nicolai Josephi Jacquin, veio fazer explorações na América-tropical, percorrendo as Antilhas, e publicando suas descobertas na “Selectarum Stirpium Americanum Historia”, registrando 16 orquídeas, todas elas classificadas como pertencendo ao gênero Epidendrum, sendo que vários deles, ocorriam no Brasil - E. fineare (Isochilus linearifolia), E. ceboleta (Oncidium ceboleta), E. ramosum, E.rigidum, E. difforme, E. anceps, E. nocturnum, E. ciliare, e outros.

João Mariano da Conceição Velloso, foi o primeiro botânico, brasileiro, a classificar orquídeas nativas, selecionando cerca de 65 espécies. Em 1827, descreveu na “Flora Fluminensis”, como pertencendo aos gêneros, Epidendrum, Ophrys, Serapias, Orchis e Cypripedium. Algumas das classificações feitas por Velloso, foram revistas e transferidas para gêneros próprios .

Alem de Velloso, outros botânicos brasileiros, também estudaram as nossas orquídeas, dentre eles, devemos mencionar, Albert Loefgren, Alberto Sampaio e Dutra. Em época mais recente, temos, F.C. Hoehne, A.C. Brade, Augusto Ruschi, Guido Pabst e Campos Porto.

Não desfazendo dos demais, temos que considerar João Barbosa Rodrigues, como um dos maiores nomes da botânica brasileira.

João Barbosa Rodrigues, nasceu em 22/06/1842, no sul de Minas Gerais, ao que tudo indica em Campanha do Sul. Formou-se em engenharia, pela Escola Central do Rio de Janeiro, (depois Politécnica) . Foi grande desenhista, o que muito lhe ajudou nos seus trabalhos, chegando a ser secretário e professor de desenho do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Em 1884, fundou o Jardim Botânico do Amazonas, dirigindo-o até 1890, quando se desligou, para assumir a direção do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Foi o primeiro diretor da era republicana, vindo a falecer em 6 de março de 1909.

As pesquisas que deixou, até hoje, merecem o seu lugar de destaque, não só na Botânica brasileira, como também na Etnografia, na Arqueologia, na Climatografia, e em grande parte na Geografia botânica da América do Sul.

  Como já foi mencionado, o seu maior feito, foi a “Iconografia das Orquídeas Brasileiras”, entregue a A. Cogniaux, que as encaminhou a von Martius que editou a “Flora Brasilienses”.

O seu maior desgosto, foi o descaso das autoridades brasileiras, ao seu grandioso trabalho, que foi elogiado pelo mundo inteiro, obrigando-o a entregar para estrangeiros o resultado de uma vida.

Em 1921, foi fundada, nos Estados Unidos da América do Norte, uma sociedade orquidófila, que passou a congregar a orquidofilia americana. Com o decorrer dos anos, ela se estendeu e passou a ter força mundial. É a famosa American Orchid Society (AOS). Hoje temos, espalhado pelo mundo inteiro, uma infinidade de sociedades orquidófilas, que de certa forma se reportam a centralização da AOS.

Houve então, um grande incremento no cultivo de híbridos, principalmente com a descoberta da cultura assimbiótica, por Knudson, em 1922, que foi divulgada no Congresso Internacional de Ciências Botânicas, reunido em Ithaca, em 1926, sob o título “Physiological investigations on Orchid seed germination”.

Hoje, as espécies estão voltando a ter o seu lugar nas coleções de orquídeas. Os híbridos, são mais explorados pelos estabelecimentos comerciais, para corte de flores e aluguel de plantas. O mercado amador, sofreu uma profunda mudança, porque, grande parte dos orquidófilos já produzem suas próprias plantas.

Após a Segunda Grande Guerra Mundial, a orquidofilia, foi sacudida por uma nova descoberta, feita por um frances, George Morel, que conseguiu fazer a propagação do tecido celular, em meio de cultura, gerando novas plantas idênticas a planta matriz. Entramos pois, na era do MERISTEMA.


 NOTA - ESTE TRABALHO FOI COPIADO E COMPILADO DE DIVERSAS PUBLICAÇÕES. NÃO PODERÁ SER USADO PARA FINS COMERCIAIS.