PALESTRA REALIZADA NA REUNIÃO DE 08 DE FEVEREIRO DE 2007


O GÊNERO DENDROBIUM
Raimundo Mesquita

O gênero Dendrobium é muito variado e complexo apresentando inúmeras diferenças morfológicas e de meio ambiente. Por isso, torna-se difícil fazer um sumário sobre ele e uma abordagem detalhada levaria muito tempo. Assim farei apenas uma abordagem voltada para o conhecimento de espécies cultivadas no Brasil.
Devido a estas inúmeras diferenças, por uma questão metodológica, o gênero foi dividido em inúmeras de seções o que facilita a memorização. Atualmente está ocorrendo uma revisão da nomenclatura com a criação de novos gêneros pois se torna impossível agrupar plantas de características tão diversas num só.
Para os iniciantes, as espécies de Dendrobium são as plantas ideais por dois motivos. O primeiro é o fato de não serem plantas brasileiras, o que as torna praticamente imunes às pragas que normalmente atacam nossas orquídeas. Podem até ser atacadas por cochonilhas de carapaça ou pulgões, mas sofrem apenas danos estéticos. A outra razão é que não aceitam reenvasamento freqüentes. Isso vem facilitar a vida do iniciante que ainda não está familiarizado com as técnicas de replantio, substratos adequados a cada planta e etc. Parecem gostar de substratos ácidos e até mesmo em decomposição. Há casos de sobrevivência por mais de 20 anos num mesmo vaso de xaxim, com a simples adição de uma camada externa de substrato para acomodar os novos bulbos.
Em resumo: Não necessitam de muitos cuidados. No entanto, em função dos diferentes habitats das espécies, existem uns poucos cuidados diferenciados a serem observados.
Algumas espécies de Dendrobium necessitam de picos de frio e repouso quase absoluto, com pouca água durante este período para florir. Outras, no entanto, precisam de água e forte fertilização durante todo ano para florir bem.
Vamos falar sobre as seções mais populares no Brasil. Então começaremos pela seção Phalaeanthe. Esta seção tem por característica possuírem folhas perenes e verdes com inflorescência terminal. Estão aí incluídos os populares Dendrobium phalaenopsis, que recebeu este nome devido à semelhança de suas flores com as do gênero Phalaenopsis. Essas plantas são de clima quente e seus híbridos costumam produzir flores várias vezes ao ano. Devem ser adubados muito fortemente desde o surgimento da nova brotação até que o novo bulbo atinja a maturidade que se caracteriza pelo aparecimento das folhas apicais (terminais). Um repouso seco com queda de temperatura por 3 a 4 semanas nesta ocasião ajuda no florescimento. Em seus habitats de origem, o Dendrobium phalaenopsis floresce após o inverno que se caracteriza por ausência de chuvas e uma pequena queda de temperatura.
Seção Spathulata tem como espécie mais representativa o Dendrobium antennatum. Deve ser cultivado em clima quente e a planta não tem período de repouso. Deve ser fertilizado o ano todo para que não enfraqueça com as constantes florações (praticamente o ano todo), com exceção da época de inverno, quando deve ser observada uma redução ligeira nas regas. Necessita de luminosidade de média a forte. São plantas que se adaptam facilmente aos locais de cultivo. Produzem numerosas flores e isso talvez se deva à raridade do polinizador em seu habitat natural.
Seção Dendrobium apresenta plantas pêndulas com folhas decíduas ao longo do bulbo em forma de cana e produzem 2 ou mais flores nos nódulos. As folhas caem no inverno e as canas que florescem são geralmente as do ano anterior. Tem como um dos seus principais representantes o Dendrobium nobile, mas as espécies chrysanthum e wardianum também fazem parte desta seção. Devem ser regadas e adubadas abundantemente desde que começa a brotação até o final do verão.
Seção Callista que por ter características morfológicas muito diferentes da maioria das espécies do gênero foi transferida em um novo gênero. Apresentam pseudobulbos com inflorescência pendente. O principal representante é o Dendrobium lindleyi mais conhecido como Dendrobium aggregatum. Outros representantes são as espécies chrysotoxum, thyrsiflorum, o densiflorum e o bronckartii (ou furcatum). Existe um híbrido muito bonito entre o thyrsiflorum e o bronckartii que se chama Dendrobium Mousmee, feito por Rolf Altenburg. Devem ser cultivados em locais de luminosidade média e necessita ser menos regado e adubado que as outras espécies. No inverno, deve ser regado apenas o suficiente para que os pseudobulbos não enruguem e gosta de quedas acentuadas de temperatura.
As outras espécies também cultivadas no Brasil têm como seus melhores representantes o Dendrobium kingianum e o Dendrobium moniliforme. De uma maneira geral, quando molhado em abundância, o Dendrobium produz keikis em profusão ao invés de produzir flores mas o Dendrobium kingianum se caracteriza pelo aparecimento de keikis na ponta do bulbo.
Eles vão crescendo e alongando a planta formando grandes touceiras que parecem ter bulbos muito grandes, aumentando a exuberância da planta. Para um cultivo com produção de flores é necessário que sejam adubados e regados por nove meses e em seguida deve receber um estresse seco para florir. As canas que florescem são as do ano anterior e, em alguns casos, as canas florescem seguidamente por até quatro anos. O Dendrobium moniliforme tem floração intensa praticamente todo o ano. O Dendrobium ruppianum não floresce no Rio. O Dendrobium rigidum tem uma flor pequena e a planta é do tamanho aproximado do Sophronitis cernua.
Dependendo da espécie, as flores podem durar de um dia ou várias semanas.
Uma observação que gostaria de fazer é que para um cultivador é importante ter uma orquídea florida na sala por dois meses, porém esta é a maneira mais rápida de matar uma orquídea. É muito comum vermos as nossas plantas florindo por longos períodos enquanto os bulbos vão secando e enrugando. Prorrogar a duração da floração enfraquece a planta. As flores foram feitas para polinização e conseqüente perpetuação da espécie e não para apreciação.
Quanto à adubação, abandonei a adubação orgânica devido ao cheiro da mesma, à proliferação de mosca e a rápida degradação do substrato. Atualmente faço adubação inorgânica em dose homeopática a cada três regas.



DEBATE REALIZADO NA REUNIÃO DE 08 DE MARÇO DE 2007


MESA REDONDA SOBRE ADUBAÇÃO

Jorge Itaorchid – Eu cultivo orquídeas há 10 anos e nesse período já utilizei uma grande variedade de adubos e complementos como o Supertrieve. Atualmente o único adubo que utilizo é o Bokashi. Só quando as plantas atingem os dois anos de idade eu passo a utilizar o bokashi. Antes disso não, pois não é recomendado. Com este tipo de adubação tenho observado um bom enraizamento e brotação rápida das plantas. Além do mais é muito prático, pois só preciso fazer isso uma vez a cada três meses. Existe um detalhe muito importante para a escolha dessa adubação. Se eu cultivasse minhas orquídeas em xaxim isso não seria possível, pois o adubo orgânico acelera a decomposição do xaxim. Como eu uso casca de pínus previamente decomposta misturada com brita zero o problema deixa de existir já que este substrato é de difícil decomposição. Este substrato eu utilizo em praticamente todas as minhas plantas inclusive nas Vandas, sendo que nelas eu o coloco de maneira que fique um pouco mais flocado. Pode ser que em ambiente mais frio e mais úmido o bokashi não funcione. O nome bokashi é muito conhecido, mas a técnica de sua confecção varia de produtor para produtor. Eu não uso o carvão porque este inicialmente é muito bom por absorver substâncias tóxicas para as plantas, até que atinja o ponto de saturação quando então começa a liberá-las em altas concentrações.

Álvaro Pessoa – Como todos os outros cultivadores das antigas, comecei a utilizar o xaxim. Posteriormente o Alberto Leandro resolveu usar a brita zero. É um substrato muito bom, porém com algumas desvantagens. Em primeiro lugar é pesado, e além do mais, é pobre em nutrientes e seca muito rápido. Meu cultivo é feito em dois níveis. Parte das plantas fica sobre a bancada e as demais, principalmente as vandas, ficam penduradas sobre as plantas que estão na bancada. Todas recebem bastante luminosidade durante o dia. As plantas são regadas com bastante freqüência com água contendo o adubo químico diluído. Gosto de utilizar a técnica dos japoneses que adubam as plantas até a exaustão. Quanto mais adubação mais as plantas crescem. Para a manutenção das minhas plantas eu uso o 20, 20, 20 de qualquer marca uma vez a cada 15 dias na concentração determinada pelo fabricante. Para os seedlings eu uso o 30, 10, 10. Este adubo não deve ser usado em plantas adulas, pois as deixa com as folhas flácidas e flores caídas. Na Europa costumam usar o potássio em abundancia (15, 15, 30) para dar maior resistência a parede celular das orquídeas. Minha opinião é que as plantas precisam estar em equilibro para ficar bem. Em Israel eles utilizam um adubo com a concentração de 0. 52, 68 para acelerar o ciclo das plantas. Este sistema porém é tóxico para as plantas. Nas orquídeas funciona como m coice.
Na mudança das estações, ou seja, quatro vezes por ano coloco um adubo que eu faço e que se constitui de 50% de torta de mamona, 25% de farinha de osso e 25% de cinza. A torta de mamona tem que se molhada antes, pois isso provoca uma transformação química do Nitrogênio que se transforma numa forma mais facilmente absorvível pelas plantas. Quando se coloca a torta de mamona sem ter sido molhada antes ela forma uma crosta impermeável sobe o substrato prejudicando a aeração das raízes. Também deve ser colocado afastado da planta para evitar queimaduras. A planta deve ser bem hidratada para que não se queime. Também deve ser tomado muito cuidado com a procedência da torta de mamona, pois algumas têm vindo com pequenas larvas que comem as raízes das plantas ou também estão vindo rançosas. Com este sistema eu tenho conseguido plantas limpas e sem doença.

Carlos Gouveia – Em termos de adubação existem duas correntes. Uma que preconiza o uso de adubos químicos e outras o adubo orgânico. Na verdade, existe o adubo químico e o adubo inorgânico. O que a planta absorve é um substancia química, que pode ser apresentada na forma orgânica ou inorgânica. Então qual é o melhor adubo? Tudo vai depender de seus hábitos e de seu tempo disponível. A adubação orgânica pode ser bom para quem molhas duas vezes por semana e catastrófico para quem molha três vezes por semana, pois a decomposição do adubo é maior com uma maior freqüência de regas. A pessoa de caráter impaciente pode acabar matando a planta com o adubo orgânico, pois pode querer usá-lo com uma freqüência maior que a necessária. Para quem não tem muito tempo a adubação esta é forma recomendada. O adubo inorgânico usado em concentração muito grande mesmo que muito espaçadamente é tóxico para a planta por causar desidratação, pois ele é um sal e a tendência do sal puxar a água do local mais concentrado para o menos concentrado buscando um equilíbrio e isso acaba desidratando a planta. U cultivo plantas na Penha que é um local muito quente e seco e eu tenho um grande n úmero de vandas e seus híbridos e aparentados. As vandas são cultivadas penduradas e a melhor maneira de aplicar adubo nelas é por borrifamento. Nas minhas condições as Vandas precisam ser molhadas diariamente e então só posso cultivar Vandas. As poucas outras plantas que possuo são cultivadas em placas de madeira, pois recebem água diariamente e logo em seguida já estão secas. As Vandas gostam de adubação abundante. Então se eu usar uma concentração muito grande de sal vou desidratar a raiz. A minha regra é diluir o adubo 10 vezes a concentração recomendada pelo fabricante. No inverno diluo um pouco mais, pois a necessidade das plantas diminui um pouco. As Vandas tem um ciclo de crescimento contínuo o ano inteiro e então durante três semanas eu uso o adubo 20, 20, 20 seguido de uma semana com adubo 10, 30, 20. Deve-se utilizar o substrato e o vaso adequado para cada tipo de planta.

Raul Sudré
– Eu cultivo plantas em Juiz de Fora que fica a 700m de altura com chuvas regulares e grande variação de temperatura entre o dia e a noite. Em Marica eu cultivo Phalaenopsis comercialmente. Então para fins comerciais temos que ter plantas floridas com três anos. O primeiro desafio foi o substrato. Então começamos com fibra de coco picada da só coco que é picada de maneira diferente. Na Holambra foi feito um estudo das deficiências nutricionais da fibra de coco e descobriu-se que a fibra de coco não possuía cálcio e magnésio para disponibilizar para a planta então a planta retira dos bulbos antigos para disponibilizar para os novos fazendo com que eles se tornem amarelados. É fundamental então aplicar um adubo com cálcio e magnésio para suprir estas necessidades.
Nossos Phalaenopsis são plantados em vasos transparentes pois essas plantas fazem fotossíntese pela raiz. Alem do mais os vasos plásticos nos fazem economizar água reduzindo a freqüência das regras. Por isso é necessário cuidado com a aeração das raízes e para isso acrescentamos pínus e brita número um às fibras de coco.
Os seedlings são adubados com adubo 30, 10, 10 procurando manter a proporção de 0,5g por litro. Todas as vezes que transplantamos uma muda aplicamos Aminon que é o resíduo de produção industrial de aminoácidos. Quando as mudas estão adultas aplico o adubo 20, 20, 20 na proporção de 1g por litro e para floração o 15, 30, 15 na concentração de 2g por litro. Para suprimir a falta de cálcio e magnésio aplico o foliacon nas folhas e uma vez por mês o Valagro. As Phalaenopsis não tem bulbo e entãotomar cuidado com as regas.
Em Juiz de Fora eu planto de tudo e lá eu faço as minhas experiências. Para as minhas Vandas eu pego um pedaço de papel toalha coloco o adubo e levedo de cerveja e faço uns rolinhos que coloco sobre o substrato. Uso vaso de cerâmica e substrato 1 porção de fibra de coco com 2 porções de brita e adubo orgânico
No Norte do Rio de janeiro tem uma grande plantação de abacaxi que é atacada pelo fusarium. Como já se sabe que a urina de vaca tem fito-hormônios com propriedades antibacteriana e antifúngica e uréia. Então, seguindo essa estória e já que tenho algumas vacas, estou aplicando urina de vaca na proporção de 1/100. Esta aplicação tem reduzido as pintas das folhas. O grande problema é colher a urina da vaca e o cheiro desagradável no dia da aplicação.




DEBATE REALIZADO NA REUNIÃO DE 22 DE MARÇO DE 2007


GENÉTICA NOS CRUZAMENTOS DE CATTLEYAS
Carlos Eduardo Martins de Carvalho

O resumo desta palestra fica prejudicado, sem as fotos correspondentes, mas foi usado um exemplo fácil, que ilustra alguns aspectos da genética do grupo, mesmo sem as fotos. 
Brassia nodosa
é uma planta compacta que já foi utilizada em muitos cruzamentos, alguns com resultados bem interessantes. Ao cruzarmos B. nodosa com Cattleya intermedia, a primeira geração tem a forma estrelada, como B. nodosa. O cruzamento de B. nodosa com C. guttata dá plantas com a forma da primeira e a coloração da segunda. Quando se cruza B. nodosa com C. aclandiae, tem-se o mesmo resultado: forma da primeira e a coloração da segunda.  E cruzando B. nodosa com C. Brabantiae (=C. aclandiae x C. loddigesii), a primeira geração continua com a forma de B. nodosa e coloração de C. aclandiae.  A maioria dos híbridos de B. nodosa apresentam o labelo pigmentado, o que significa que o labelo branco desta espécie é um caráter recessivo



PALESTRA REALIZADA NA REUNIÃO DE 26 DE ABRIL DE 2007


DICAS DE CULTIVO DE MICRORQUÍDEAS
Carlos Akselrud Gouveia

Primeiramente vamos falar sobre o conceito de coleções: algumas pessoas são meramente juntadores de orquídeas. Colocam em um canto de sua casa ou apartamento um grupo de orquídeas, compradas ou recebidas de presente, sem nenhum critério de escolha. Estão lá porque tinham uma flor bonita. Em dado momento, evoluem para colecionadores e começam a comprar por gosto com a planta. Em seguida tornam-se orquidófilos, ou seja: uma pessoa que gosta de orquídeas, estuda para melhor saber a respeito delas, onde são encontradas e como devem ser cultivadas.
Dentre os orquidófilos existem os especializados, que se fixam em um determinado gênero ou espécie e procuram saber tudo a respeito e tentam adquirir o que existe de melhor e mais bonito no gênero escolhido ou espécie escolhida. Já os diversificados procuram variedades, raridades, originalidade. Muitas vezes as plantas não são bonitas, mas dão prazer individual, apenas. Como exemplo tem Pteroceras unguiculatum (sinônimo: Sarcochilus unguiculatus) cuja flor abre às 8h da manhã e por volta das 16h já está murcha. Não dá para ser exibida. Apenas o dono tem o prazer de vê-la florescer.
Naturalmente existem rixas. Quem coleciona espécie acha os híbridos um horror e vice versa.
As microrquídeas são por si só difíceis de serem classsificadas.
Afinal, o que é uma micro-orquídea?
O Pleurothallis é uma micro-orquidea?
Neste caso, é indiscutível. A planta é pequena e a flor também é pequena. Não há o que discutir.
A Sophronitis coccinea é uma micro-orquidea? A planta é pequena e a flor já tende para grande, por isso não costuma ser chamada de micro-orquídea.
De maneira geral, as micro-orquídeas apresentam flores com pouco ou nenhum interesse decorativo. São difíceis de encontrar, pois não é qualquer orquidário que as vende e são difíceis de cultivar, pois exigem um bom sombreamento, uma dose adequada de umidade.

HÁBITO VEGETATIVO
Algumas, como as pertencentes à sub-tribo Pleurothallidinae, não possuem pseudobulbos e, portanto, não armazenam água. Necessitam muitos cuidados com a umidade, que deve ser na medida certa para não matar a planta.
As da sub-tribo Laeliinae que possuem pseudobulbos, são mais tolerantes às variações de umidade.
As pertencentes ao grupo Oncidiineae são pouco tolerantes a luz, pois, possuem folhas muito delicada.
Os gêneros Stereochilus e Cleisostoma, pertencentes à sub-tribo Sarcanthinae, também não tem como armazenar umidade e, por isso, precisam de cautela neste aspecto.

UMIDADE E ILUMINAÇÃO
As micro-orquídeas são muito sensíveis a mudanças bruscas no cultivo. Necessitam de umidade controlada, proteção contra excesso de luminosidade, pois suas folhas podem ser queimadas quando expostas ao sol e se isso acontece dificilmente se recuperam.

CARACTERÍSTICAS RELEVANTES
São “free flowering” - Podem florescer várias vezes ao ano.
Reflorescimento – Florescem nos bulbos antigos e geralmente florescem em todos os bulbos.
Especificidade de meio/suporte – Algumas não gostam de vaso, outras não se importam.
Um exemplo marcante é a Constantia cipoënsis, que vegeta exclusivamente sobre as velozias. Qualquer tentativa de cultivar em outro suporte culmina em fracasso. Barbosella não crescem em vaso nunca, tem que ficar em toquinho, em lugar úmido.
Efemeridade– Psygmorchis pusilla floresce o ano inteiro, mas duram no máximo dois dias.
Para um cultivo de sucesso é preciso sempre buscar informação sobre o substrato requerido para cada planta.

CUIDADOS
Tipos de vasos: devem-se procurar vasos que reproduzam o ambiente natural, pois não gostam de ser contrariadas e custam a sobreviver em condições adversas.
Ambiente de cultivo: buscar fazer micro-climas dentro do orquidário.

AMBIENTAÇÃO
Quando trouxer uma planta para a sua coleção deve-se começar a cultivá-la em ambiente mais escuro, mudando gradativamente para um mais claro até conhecer suas preferências. Quanto à temperatura, deve-se proceder da mesma maneira.
Avaliar a umidade relativa de seu ambiente e, se for necessário,
usar de artifícios, como, por exemplo, cultivo em garrafas pet fazendo um reservatório de água no fundo.

VENTILAÇÃO
Este item é fundamental pois todos os outros são anulados na falta de uma boa ventilação no seu ambiente e ventilação não quer dizer vendaval.

CONSEQUÊNCIAS
O cultivador de micro-orquídeas terá uma coleção personalizada, que será totalmente diferente da coleção de outras pessoas. Isto é o que alguns buscam quando cultivam micro-orquídeas. Acabam tendo destaque nas exposições e o desprezo dos repolhistas, que vão dizer que você tem estufa em uma caixa de sapato.




PALESTRA REALIZADA NA REUNIÃO DE 24 DE MAIO DE 2007


VEGETAÇÃO SOBRE INSELBERG
E ESTUDOS DE CASOS DE ORQUIDEAS NA PEDRA DA GÁVEA.

Eduardo Saddi – Projeto CORES no Jardim Botânico - RJ

Primeiramente é necessário explicar o significado da palavra inselberg. Este termo fui cunhado em 1900 pelo geólogo Alemão Bonhardt que nomeou estes afloramentos graníticos que são encontrados em planícies em regiões tropicais. Ocorrem principalmente no Brasil e África. No Brasil ocorre desde a Caatinga até o Rio Grande do Sul. Nossa pesquisa está sendo feito na Pedra da Gávea no Parque Nacional da Tijuca. Nesta área também tem o pico da agulhinha, e Pedra Bonita.
A Rocha dos inselbergs apresenta flora distinta das florestas do entorno. São ilhas de vegetação e configuram barreiras claras para estas espécies. São ambientes com baixa retenção de água e nutrientes, alta exposição ao vento e ao sol forte. As plantas encontradas nestas áreas têm crescimento lento e são longevas. Há baixa substituição de espécies o que as caracterizam como vegetação pretérita. Nestas áreas pode-se imaginar como foi a vegetação local há centenas de anos atrás, pois não ocorre intervenção humana ou de animais devido a inacessibilidade.
Nas áreas de fendas ou platôs pode inclusive ocorrer vegetação arbustiva devido à deposição de detritos e material em decomposição, que permite que as mesmas se fixem e tenham nutrientes disponíveis.
O padrão espacial está relacionado ao aspecto biológico das plantas ai encontradas.
  - Morfologia das sementes das orquídeas – As sementes de orquídeas são desprovidas de tecidos nutrientes e          endosperma.
  - Preferência de local para a germinação.
  - Sensibilidade à luz, exposição ao sol e ao vento.
  - Variação topográfica como inclinação, rugosidade, presença ou ausência de rugosidades.
Nos inselbergs observam-se verdadeiros mosaicos de vegetação. A primeira espécie a se estabelecer gera condições para as espécies subseqüentes. O primeiro a se instalar são os liquens, seguido dos musgos. Com o acúmulo de detritos e de umidade propiciado por ambas as espécies surge oportunidade para a implantação de espécies mais complexas.
A vegetação sobre os inselbergs são extremamente frágeis, pois podem ser removidas com facilidade. O tempo para a sua renovação e reconstituição natural pode chegar a mais de 100 anos. Ainda é muito pouco estudada devido à dificuldade de acesso. O estudo da vegetação dessas áreas é muito importante, pois pode levar ao encontro de novidades evolutivas para algumas linhagens de vegetais como velosiácea, ou cyperaceae, cactaceae, bromeliaceae e orchidaceae. Nos afloramentos rochosos as orquídeas são dominantes sobre as outras espécies, seja por quantidade de biomassa ou por número de espécies, ou seja. O número de espécie de orquídeas encontrada em determinado afloramento rochoso é sempre maior do que o de qualquer outra espécie e a quantidade de indivíduos também é maior. Os estudos de France et al (1997) detectou cinco espécies de orquídeas na região de Milagres na Bahia. Porembsky et al. (1999) listou seis espécies no Rio de Janeiro, Miranda e Oliveira (1983) descreveram onze espécies no Pão de açúcar.
Essas plantas apresentam alta taxa de endemismo e distribuição geográfica restrita a esses ambientes.

ORQUIDACEAS DA PEDRA DA GÁVEA, PARQUE NACIONAL DA TIJUCA, RIO DE JANEIRO.
Eduardo Saddi – Projeto CORES no Jardim Botânico - RJ
Trabalho orientado por Rafaela Campostrini Forzza.

Objetivo do trabalho é catalogar as espécies de orquidáceas das várias faces da Pedra da Gávea.
Características gerais – A Pedra da Gávea fica no Parque nacional da Tijuca que tem 3.000 hectáres de extensão. Estamos estudando as orquídeas de quatro ambientes diferentes que são as orquídeas do cume, das gretas, de afloramentos expostos e de áreas próximas a florestas. A face sul, sudeste e sudoeste apresentam menor incidência de raios solares, a exposição ao sol é menor e recebe muita influência dos ventos úmidos e frios vindo do sul. Em conseqüência esta área tem uma composição florística distinta que é mais densa e possui um número maior de espécies. A Face norte, nordeste e noroeste ao contrário, por receber maior insolação e ventos secos, possuem uma flora mais restrita com menor número de espécies e de indivíduos.
Resultados parciais do estudo - Foram encontradas vinte e cinco espécies de orquídeas incluídas em dezesseis gêneros. Dos dezesseis gêneros encontrados, doze tinham apenas uma espécie cada.
Foram encontradas seis espécies de Pleurothallideos que como de hábito estavam em maior número, três espécies de Epidendrum, duas de Octomerias. Foram encontrados o Cyrtopodium lutiniferum, Zygopetalum makai, Cleistes liboniae e Cyclopogon Polystachya, Maxilaria plebeja, Pleurothallis, Prescottia contaginia.
As espécies de orquídeas encontradas em frestas com acúmulo de matéria orgânica estão geralmente consorciadas a outras espécies vegetais. O liguem é primeiro a se estabelecer e em seguida os musgos. As Brassavolas são encontradas aderidas a rocha quase nua e devido a grande incidência de raios solares suas folhas apresentam-se quase totalmente rubras ou amarronzadas.. Também foram encontradas Octomeria praestans, Prostecheia inversa, Pleurothallis lineae e finalmente a Laelia lobata.
Reintrodução de espécies – Primeiramente estaremos dando maior importância o local de procedência das espécies para em seguida procedermos a implantação da mesma. Para isso está sendo feito um estudo da variabilidade genética de espécies vinda de diferentes habitates. Se não houver muita variabilidade genética, não haverá importância a introdução de espécies provenientes de habitates diversos em áreas onde elas estão praticamente extintas. Na Pedra da Gávea as Laelia lobata foram encontradas a 800m crescendo no meio de velosias.

Contato eduardosaddi@jbrj.gov.br




PALESTRA REALIZADA NA REUNIÃO DE 27 DE SETEMBRO DE 2007


DIAGNÓSTICO E CONTROLE DE DOENÇAS E PRAGAS EM ORQUÍDEAS
João Sebastião de Paula Araújo - Agrônomo UFRRJ

 

As orquídeas podem ser frequentemente acometidas por doenças causadas por bactérias, fungos ou vírus ou atacadas por pragas desde a fase de plântulas até a fase adulta. A vulnerabilidade da plantas às doenças e ataques de insetos está associada a fatores abióticos como temperatura, umidade excessiva aliada à uma drenagem deficiente, nutrição inadequada como, por exemplo, a adubação excessiva com nitrogênio, fitotoxicidade, captação de substrato ou salinidade alterada.
As doenças e pragas ocorrem de forma cíclica e se entendermos isso fica mais fácil de controlar. Os insetos vão e vem com periodicidade mais ou menos constante.
O sistema radicular da orquídea está sujeito à colonização por fungos de diferentes espécies e a partir daí vão se originar a maioria das doenças fúngicas. Já a infecção nos bulbos vai ocorrer mais frequentemente através de tesouras infectadas ou outros objetos cortantes infectados.
Infestação por nematóides são raras de acontecer no Brasil e, portanto não há necessidade de preocupação.
Lesão por tentecoris tem um desenvolvimento característico. O inseto começa a atacar a folha a partir da base e vai até a ponta sempre pela parte inferior da mesma, pois não toleram luminosidade.  Os Ácaros, pulgões, trips e tentecoris atacam geralmente em época de seca, pois são muito leves e são eliminados muito facilmente por jatos de água ou pingo de chuva. Os pulgões na fase áptera (sem asas) são facilmente controláveis, quando adquirem asas imediatamente se afastam da planta original. O problema é que vão atacar outras plantas. Esses insetos são pouco tolerantes a luminosidade, pela presença de raios actínicos que são repelentes para o inseto que ficam com o vôo desorientado.
As orquídeas que cultivamos ficam em sistema de confinamento (vaso) e este fato repercute seriamente na predisposição das plantas ao ataque de pragas.
Frequentemente eu recebo um e-mail com uma foto e a pergunta “o que aconteceu com a minha planta?” Muito frequentemente as orquídeas são atacados por fungos aquáticos por via radicular. Estes ataques são causados por excesso de regas.
Um substrato muito problemático é a fibra de coco que é um substrato composto por fibras finas que inicialmente se apresentam muito secas. À medida que vai se degradando ele é quebrado em pequenos pedaços que são depositados no fundo do vaso formando uma camada impermeabilizante que dificulta a drenagem da água provocando o encharcamento das raízes e consequentemente facilitando o aparecimento de doenças.

O diagnóstico é feito através dos sintomas. Para identificar corretamente o agente causal é necessário que seja feita a coleta do material doente.
Este material deve ser enviado ao meu laboratório na UFFRJ onde será observado ao microscópio e será cultivado.

PRINCIPAIS DOENÇAS FÚNGICAS

Antracnose - Ocorre o colapso do ápice da folha em decorrência de queimaduras de sol na folha molhada. Em seguida começam a aparecer manchas formadas por círculos concêntricos. No centro desta lesão há produção intensa de esporos que vão disseminar a doença. Deve-se remover a planta da coleção, pois esses esporos se disseminam facilmente através da regar. Remover as folhas afetadas e enterrar. Fungos que atacam a parte aérea das plantas não sobrevivem quando estão nos solo devido à concorrência de outros fungos que produzem antibióticos. Quando a doença ocorre em bulbos ou raízes estes devem ser queimados.

Mancha do fusarium - O bulbo começa a ficar retorcido, pois o fungo coloniza o xilema obstruindo o fluxo de seiva da planta e diminuindo a exsudação. São transmitidos de vaso a vaso pela bancada contaminada. A planta vai morrer. Algumas vezes isto leva alguns anos. Muitas pessoas têm a tendência de colocar essas plantas na árvore criando então um foco de disseminação da doença. Devem ser queimadas e o vaso desinfetado por imersão em hipoclorito a 10%.

Podridão de risoctonia - Controle da rega

Podridão negra - É causada por Phytophtora cactorum e Pythidium ultimum às vezes separados ou em infecção mista. São introduzidos por vasos, substrato ou água contaminada ou por drenagem deficiente. Caracteriza-se pelo aparecimento de cor negra nos bulbos e por odor desagradável. O tratamento é feito pela aplicação do fungicida Previcur.

Ferrugem - Ocorre mais frequentemente em Oncidium. Sempre na face inferior da folha com grande produção de esporos. Colocar a planta em quarentena. Remover a folha afetada e queimar. Aplicar fungicida de contato à base de cobre ou clorotalonil.

Mofo cinzento - È causada pelo fungo Botrites cineria e acomete folhas senescentes e em flores em ambientes de alta umidade. O combate é feito com Cercobim pulverizado com o botão ainda fechado para não mancha-lo.

Manchas foliares - São causadas por diversos tipos de fungos causando vários tipos de manchas. São facilmente controláveis, mas podem ser fatais para seedlins ao atingir a idade adulta a planta adquire resistência.

PRICIPAIS DOENÇAS BACTERIANAS

Podridão mole - È causada pela Erwinia carotovora ou chrysantemi e acometem principalmente phalaenopsis. A bactéria degrada cristais de pectatos de cálcio presentes nas folhas levando ao amolecimento das mesmas. A folha apresenta manchas com o aspecto de encharcada e apodrece e exalando um odor pútrido muito forte, podendo matar a planta em dois dias. Como prevenção deve-se fazer um maior espaçamento entre os vasos, fazer adubação equilibrada e rica em cálcio. Deve-se remover a folha afetada e pulverizar com sulfato de cobre ou tetraciclina que são terapias superficiais que protegerão as folhas que ainda não foram infectadas. Esta pulverização deve ser feita nas horas mais frescas do dia de preferência antes do anoitecer, pois a maior demora da evaporação da água vai permitir que  o produto fique mais tempo em contato com o patógeno e evita-se a queima pelos raios solares.

PRINCIPAIS DOENÇAS VIRÓTICAS
Existem três doenças viróticas que acometem as orquídeas com mais freqüência.

 Vírus do Mosaico do Cymbidium (CyMV) -  Os sintomas são variáveis. A planta apresenta um padrão de mosaico em verde claro e verde escuro com riscos na ponta externa da folha e coloração escura no verso.

Vírus da mancha anelar do Odontoglossum - Manchas anelares que são muito freqüentes em Oncidium. O vírus pode ficar na semente junto ao embrião dando origem a novas plantas infectadas.

Atualmente foi produzido um kit diagnóstico capaz de identificar a infecção por essses 3 vírus. O Nome é ELISA fast & easy orchid vírus test e custa em torno de R$70,00 o teste. São tiras semelhantes a tiras de teste pH (immunostrip) que identifica os três tipos de vírus. É vendida em potes contendo 25, 50 ou 1000 tiras. Apresenta-se em um saquinho onde você coloca a folha suspeita que ficará em contato com a tira. A folha é então macerada e após alguns minutos aparecerá na tira linha(s) de precipitação correspondente ao(s) vírus responsável pela infecção.

 Vírus da Mancha da Orquídea -  Orchid fleck vírus. Muito comum em Oncidium na natureza.

A inoculação do vírus é feita de forma mecânica por objetos cortantes ou picadas de insetos. O controle é preventivo feito pela desinfecção dos instrumentos de trabalho. Pela eliminação dos insetos picadores e pela destruição da planta infectada.

 

INSETOS E PRAGAS MAIS FREQUENTES

Percevejos - (Miridae) Tenthecoris orchidianum é um inseto de coloração amarela e negra e causa a estigmose que é o esbranquecimento da parte da folha afetada. Esta lesão se dá pela hidrólise da celulose provocada por enzimas presentes na saliva do inseto. Prevenção é feita por vedação das laterais do orquidário com sombrite. Evitar a presença de hibisco nas imediações do orquidário.
Aplicar biofertilizantes que são produtos da fermentação anaeróbica do esterco de boi. Este biofertilizante é rico em nitrogênio e em hormônios vegetais (auxinas) que são produzidos por lactobacilos e por Bacilo subtile. Utilizar na concentração de 20%. É produzido pela PESAGO em Seropédica - RJ e também é vendido no Horto em Niteroi.
E produzido pela fermentação de esterco de boi colocado na proporção de 1/3 do volume do container, 1/3 de água e 1/3 livre. O container é fechado com uma tampa perfurada onde é introduzido um tubo fino cuja extremidade é colocada dentro de água para evitar a entrada de ar no container e permitir a saída dos gases produzidos pela fermentação. Existe o risco de explosão.

Pulgões (Aphidae) Pulgão amarelo que ataca os brotos e botões. São facilmente controlados com a aplicação de óleo mineral, pois estes insetos usam a carapaça para realizar trocas gasosas que ficarão impermeáveis com a aplicação do óleo.

Trips - Limita o trânsito internacional de plantas -  Estão associados a tecidos jovens ou a partes da planta ainda enroladas, pois não toleram luminosidade. Também provocam o esbranquecimento da folha.

 Vespas - Eurytomidae - coloniza os bulbos que intumescem.  Atacou as purpuratas da Aranda. Queimar os bulbos afetados e aplicar inseticida sistêmico nas plantas não afetadas como prevenção.

Lesmas e caracóis - Combates com iscas lesmicidas ou catação manual à noite.

 

Consultas através do site abaixo e preenchendo o formulário de consulta.
http://www6.ufrgs.br/agronomia/fitossan/herbariovirtual/consulta.php 



PALESTRA REALIZADA NA REUNIÃO DE 25 DE OUTUBRO DE 2007

I - COMBATE DE CARAMUJOS AFRICANOS
Sylvio Rodrigues Pereira

Embora chamado de caramujo africano, inclusive no site da EMBRAPA e em outros sites Internet, este molusco não é um caramujo, mas sim um caracol. Caramujos são moluscos de hábitos aquáticos e caracóis de hábitos terrestres. O chamado caramujo africano tem o nome cienntífico de Achatina fulica, da classe gastrópode e pertence à família Helicidae. Tem a concha espiralada, com respiração cutânea, de hábitos terrestres e de ampla distribuição geográfica. São originários do leste e nordeste da África, chegando a alcançar 15 cm de diâmetro e 200g de peso. Foi trazido inicialmente para o Paraná com o intuito de substituir o scargot e sem licença ambiental. Com o tamanho e o peso que tinha aparentemente seria um substituto vantajoso, contudo a cor negra e a consistência de borracha não agradaram ao paladar dos brasileiros. Antes de ser comercializado o projeto de cultivo foi amplamente difundido e colônias foram vendidas à esmo pelo país. Com o fracasso, os animais foram destruídos em alguns casos e outros foram abandonados à própria sorte. Eles são hermafroditos e não possuem predadores naturais. Enquanto que caramujo açu presente no litoral brasileiro depositaa apenas 2 ovos por período reprodutivo e possue predadores naturais, o caramujo africano deposita 500 e não tem predadores. Adaptou-se perfeitamente à variedade de habitats existentes no país. Enterram-se no solo e hibernam em períodos muito seco ou muito frio. Tão logo se estabeleçam as condições ideais eles entram novamente em atividade. Apesar de não terem hábito aquático já foram vistos em vegetação flutuante de rios e lagoas. A erradicarão desses moluscos hoje em dia é considerada impossível.

É considerada uma das 100 espécies invasoras do mundo mais perigosa. Foi introduzido no Havaí no início da segunda guerra e no final já tinha alcançado a costa oeste dos Estados Unidos. No Brasil está entre as cinco espécies-problema como a capivara, a caturrita, o mexilhão dourado que veio do oriente em casco de navios e em pouco tempo destrói a fauna marítima do local onde se estabelece além de destruírem cascos de navios. Existem outras espécies invasoras que são problema para o meio ambiente como o pardal vindo da Europa, a casuarina e o eucalipto que vieram da Austrália, o siri pitu vindo da Ásia, entre outros.

O caramujo africano gosta de locais úmidos e bem sombreados para se estabelecer. São encontrados em cantos de muro, lixo, acúmulo de galhos e folha, madeiras, pedras e outros restos de obras, sendo que tijolos abandonados são os preferidos.

Hábitos alimentares - Alimenta-se de vegetais comendo a planta praticamente toda deixando apenas os caules mais duros e as raízes. São capazes de devastar rapidamente uma pequena horta de subsistência, pomares e plantas ornamentais. Não conseguiu relato de ataque a orquidários. Sua voracidade é tão absurda que comem desde isopor até sola de sapato.

Cuidados no manuseio – Usar luvas reforçadas e na inexistência destas usar dos sacos reforçados e sem furos para coletá-los. Não fumar, beber ou comer durante o trabalho de catação. Os animais coletados devem ser colocados em recipientes de plásticos descartáveis ou em latas. Ao terminar a catação deve-se jogar sal ou cal virgem sobre eles. Não jogar no lixo. Não devem ser pisados, pois ao pisar espalham os ovos pelo local. Podem provocar doenças no homem e nos animais, contaminar o solo e a água. São hospedeiros intermediários do Angiostrongylus costaricensis e do Angiostrongylus cantonensis.


II – EXPOSIÇÃO DE ORQUIDEAS NA EUROPA

Sandra Altemburg Odebretch

Há vários anos participo de exposições de orquídeas em vários lugares da Europa. Na verdade eu não participo com um estande individual próprio, mas divido o espaço com um amigo alemão que não fala outra língua além do Alemão. Eu sirvo de intérprete para ele e auxilio nas vendas e em troca eu coloco minhas plantas à venda. As exposições são geralmente em cidades situadas ao norte da França ou no Jardim Botânico da Bélgica. Eu não levo plantas floridas, pois as mesmas costumam ficar até 5 dias no escuro e isto prejudica a floração. Da última vez que fomos os estandes estavam ruins e só eu me incomodei em colocar nome nas plantas. Uma vez que não haveria julgamento das plantas expostas ninguém se preocupou em identificá-las. Na Europa os produtores não pagam para colocar as plantas. Em alguns lugares podem vir a receber até 2 Euros por plantas. Expositores e vendedores são tratados como iguais, pois eles entendem que sem um ou sem o outro a exposição não acontece. As senhoras da associação orquidófila local se revezam no preparo de lanches que são servidos continuamente aos participantes. No Jardim Botânico na Bélgica não existe um local apropriado para a exposição. Os expositores são dispostos em pequenos nichos improvisados ao longo das aléias. O público vai caminhando e observando as plantas expostas. Em outras vezes, fizemos a exposição no interior do herbário ou nos locais reservados para colocar as plantas no inverno. Os orquidários europeus tem toda uma tecnologia que permite que o teto se abre ou se fecha de acordo com o grau de luminosidade apresentada.
Em seguida à essas palavras a Sandra começou a exibição de fotos dos eventos nos quais participou.

transcrição de Maria Aparecida Loures (Cida)

 

 

PALESTRA REALIZADA NA REUNIÃO DE 08 DE NOVEMBRO DE 2007


TRANSFERÊNCIA DE ESPÉCIES DE ONCIDIUM PARA O GÊNERO BAPTISTONIA
Vitorino de Paiva Castro Neto

         

Transferência de espécies de Oncidium para o gênero Baptistonia Barb. Rodr.
Vitorino de Paiva Castro Neto
Vários gêneros de orquídeas estão sendo fracionados ou transformados em outros gêneros. Isto tem uma razão. O gênero Baptistonia era um gênero de uma única espécie: a Baptistonia echinata. Este gênero se caracterizava por ser o único da subtribo Oncidiiniae a possuir o labelo encobrindo a coluna e não tem nenhuma característica em comum com os outros gêneros dessa subtribo. Então por que transferir outros oncídiuns para esse gênero? Depois do advento dos estudos comparativos das espécies pela técnica de análise do DNA nuclear ou do cloroplasto das plantas, foi verificado que muitos oncídiuns eram mais aparentados com o gênero Baptistonia que propriamente com o gênero Oncidium. Antes do advento da genética moderna, os seres vivos eram divididos conforme suas características filogenéticas. Isto é o que chamamos de Taxonomia. Nasceu uma ciência chamada cladística que tenta achar relações de parentesco entre os organismos que é, atualmente aceita como o melhor método disponível para a análise filogenética. O estudo cladístico pode ser feito por análise de DNA ou por análise morfológica. E como a técnica de análise do DNA não é uma técnica barata nem acessível a qualquer um, apenas para os laboratórios das universidades, foi este último o método que utilizamos. Existem inclusive programas de computador que auxiliam este estudo.
Um grupo pegou exemplares do subgrupo de Oncidiinae e fez análise dos segmentos de DNA das espécies presentes e com o resultado encontrado fez uma árvore genealógica deles. O que foi observado nesta árvore é que numa ponta estavam os oncídiuns estrangeiros e na outra ponta estavam os oncídiuns brasileiros. No meio da árvore ficavam as espécies dos gêneros Miltonia, Rodriguezia, Aspásia, Capanemia e outros. Ou seja: as espécies brasileiras de Oncidium estavam muito afastadas geneticamente das demais espécies de Oncidium, portanto não havia sentido em mantê-los no mesmo gênero.
Então, estipula-se uma série de características que são comuns entre determinadas espécies, cria-se um novo gênero e publica-se. Se ninguém contestar, ele é aceito. Ninguém tem conhecimento suficiente para fazer a contestação. As orquídeas brasileiras são muito pouco estudadas e não se sabe nada sobre elas. A tendência atualmente é fazer grupos baseados em características monofiléticas.
Quando começamos a fazer o nosso trabalho tínhamos poucas espécies. Atualmente contamos com 12 espécies analisadas e incluídas no gênero Baptistonia. Algumas plantas têm características de ambos os gêneros, outras não. Por exemplo, algumas orquídeas produzem possuem uma glândula produtora de óleo na tabula infraestigmata. Este óleo atrai as abelhas que o recolhem para fazer a cera que reveste a colméia e então ocorre a polinização. Nas orquídeas colocadas no gênero Baptistonia esta glândula não existe. No Oncidium verdadeiro, as folhas saem da base do bulbo e em Baptistonia, saem da ponta do bulbo. O Oncidium baueri é na verdade o único exemplar brasileiro de Oncidium.
Diversas questões foram propostas em nosso trabalho e, entre elas, se Baptistonia é um gênero monofilético e a resposta foi sim. Da mesma maneira, questionou-se se os dados cladísticos permitem reconhecer grupos internos dentro deste gênero e, embora existam pequenas diferenças entre as espécies, é possível. O labelo com unguículo panduriforme e côncavo está ausente na Baptistonia sarcodes e na Baptistonia nitida sendo uma característica do gênero Brasilidium Campacci (Seção Crispa Rchb. f. ex Pfitzer).
Estudo Cladístico ou filogenético
Do que se trata o estudo filogenético?
Visa encontrar o inter-relacionamento das espécies em estudo e como se procedeu ao processo evolutivo, procura semelhanças e diferenças morfológicas entre as espécies estudadas.
Para que serve? Serve para, usando as semelhanças e diferenças entre as espécies, obter conhecimento de como se procedeu a evolução do gênero e das espécies e quais as características morfológicas que atuaram.
Como pode ser obtido?
A) Pela observação das características morfológicas como tamanho da flor, forma do pseudobulbo, as inflorescências e a forma da flor. As espécies podem ser agrupadas de acordo com as semelhanças morfológicas encontradas. Estas características morfológicas são previamente combinadas e quanto maior o número delas mais perto fica da perfeição.
B) seqüenciamento de DNA. É feito o estudo das bandas de DNA e quanto maior o número de bandas em comum maior a proximidade entre as espécies.
Qual o procedimento?
Constrói-se uma matriz de características morfológicas relacionadas ao táxon (espécie) ou constroi-se uma matriz das variações e mutações do DNA.
Vantagens de A e B
A - mais fácil de obter, mas tem resultados inferiores devido ao menor número de características.
B – A obtenção do equipamento e a realização das técnicas é o maior impedimento, mas os resultados são melhores, pois muitas vezes o número de informações pode chegar a 500. Já aconteceu de ser quase impossível extrair o DNA de determinada espécie.
Como se procede?
A matriz é em geral alocada em um programa de computador chamado NEXUS que permite alocar até 10 variantes em uma categoria. Após a análise a matriz é processada em um programa chamado PAUP que cria várias árvores filogenéticas. O resultado do programa é relativo, pois os resultados são baseados em características evolutivas. O programa cria várias árvores e finaliza com a árvore de maior consenso.
RESULTADOS
No caso das espécies de Baptistonia conseguimos reunir 73 características. Foi dado peso 1 para cada uma das características morfológicas. Os grupos externos encontrados com algumas características em em comum foram Brasilidium e Kleberiella.
Espécies: Baptistonia albini, brieniana, cornigera, cruciata, damacenoi, echinata, gutfreundiana, kautskyi, leinigii, lietzei, nitida, pabstii, pubes, pulchella, truncata, sarcodes, silvana, uhlii, velteniana, widgrenii.


Transcrição feita por Maria Aparecida Loures (resumida)




PALESTRA REALIZADA NA REUNIÃO DE 22 DE NOVEMBRO DE 2007


ESPÉCIES BRASILEIRAS DE CATTLEYAS
I - Região Norte

Delfina de Araújo

Das aproximadamente 50 espécies de Cattleya (adotando-se a nomenclatura tradicional) que vegetam desde o México até a Argentina, 32 ocorrem no Brasil, isto sem contar com o grande número de variedades existentes dentro de uma mesma espécie e o grande número de híbridos naturais entre suas próprias espécies e os outros gêneros, incluindo híbridos de segunda geração.
A Cattleya está presente em todos todos os estados brasileiros e algumas têm uma distribuição muito restrita como a Cattleya araguaiensis só ocorre próximo ao rio Araguaia, outras são de ampla distribuição como Cattleya guttata.
Foi adotado como parâmetro a distribuição por região e dentro da região, por ecossistema, mas é preciso dizer que nenhum habitat é homogêneo e todos se subdividem em diversos micro-sistemas cada um com sua característica própria. Muitas vezes são tão próximos uns dos outros ou ocorrem uns dentro dos outros, que se torna difícil a sua separação.
Em maior ou menor intensidade, a presença da orquídea é sempre uma constante nestes ecossistemas: Mata Atlântica, Floresta Amazônica, Cerrado, em regiões semi áridas de altitudes, próxima Caatinga, manguezais, brejos e restingas que se estendem por todo país. Enfim, ela ocorre em diversos habitats.
É na Mata Atlântica, um dos mais ricos e mais conhecidos ecossistemas, que ocorre o maior número das espécies brasileiras de orquídeas, sobretudo no que diz respeito ao gênero Cattleya. E é também onde ocorre o maior número de híbridos, sobretudo nos estados do sudeste e na Bahia que é o estado mais rico com cerca de 14 espécies, Espírito Santo com 13, Minas Gerais com 11, Rio de Janeiro com 10, São Paulo com 9.
Na região Amazônica, ocorrem 7 espécies, no Cerrado (planalto central) temos 3 espécies.